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Alagoanas cuidam mais dos outros e dedicam quase o dobro do tempo às tarefas domésticas em comparação aos homens

Foto: Bel Corção/Brasil com S

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) revelou que, em Alagoas, as mulheres dedicam, em média, 25,4 horas por semana às tarefas domésticas. Esse valor é quase o dobro do tempo que os homens destinam a essas atividades, que é de 13 horas por semana.

De acordo com a pesquisa, as mulheres gastaram em média 25,4 horas, enquanto os homens gastaram 13,0 horas. Ambos os valores estão acima da média nacional, que é de 21,3 horas para as mulheres e 11,7 horas para os homens.

Em Alagoas, 88,9% das mulheres desempenharam tarefas domésticas, enquanto entre os homens, o percentual foi de 70,7%.

Nível de instrução

Ao considerarmos o nível de escolaridade, os homens sem instrução ou com ensino fundamental incompleto apresentam uma taxa de realização de atividades de 66,3%, o segundo menor índice do país. No entanto, entre as mulheres na mesma situação de baixa ou nenhuma escolaridade, o índice de realização é de 86,7%.

Ao considerarmos os indivíduos que completaram o ensino superior, a diferença entre os gêneros diminui de 20,5 para 7,5 pontos percentuais: a taxa de realização entre as mulheres é de 91,2%, enquanto entre os homens é de 83,7%.

Preparar e servir alimentos

A tarefa doméstica mais realizada pelas mulheres é “preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça” (95,8%). A única tarefa em que os homens apresentam um percentual maior é “realizar pequenos reparos ou manutenção no domicílio, automóvel, eletrodomésticos ou outros equipamentos” (57,9% contra 27,1%).

Em relação à faixa etária, as mulheres alagoanas com idades entre 25 e 49 anos (94,9%) compõem o grupo que mais realiza afazeres domésticos. Por outro lado, a menor porcentagem é observada entre os homens com idades entre 14 e 24 anos; nessa faixa etária, a taxa cai para 57,6%.

Idade, cor e condição no domicílio influenciam a participação nos afazeres domésticos

Outra área examinada pela pesquisa é a conexão entre a execução de tarefas domésticas e a posição das pessoas no domicílio. Dentro desse contexto, cônjuges e companheiras (95,4%) são as que mais se dedicam aos afazeres domésticos.

Por outro lado, filhos e enteados são os que menos contribuem (55,7%). No entanto, a disparidade de gênero torna-se evidente nesse contexto: quando se trata de filhas e enteadas, a taxa de realização de afazeres domésticos sobe para 78,7%.

As mulheres que são responsáveis pelo domicílio apresentam uma taxa de realização de afazeres domésticos (93,4%) ligeiramente menor em comparação com aquelas em condição de cônjuge e companheira, porém ainda desempenham mais tarefas domésticas do que os homens (80,1%).

Mulheres e homens pretos são os que mais se envolvem em afazeres domésticos. A taxa de realização no próprio domicílio é de 92,4% para pessoas do sexo feminino e 74% para aquelas do sexo masculino.

Cuidado de pessoas

As mulheres em Alagoas estão mais engajadas nas tarefas de cuidado de moradores em seus próprios domicílios e no domicílio de parentes não-moradores, com uma taxa de realização de 38,5%; para os homens, o percentual total é de 24,1%. Essas taxas são ligeiramente maiores do que as registradas em 2019, que foram de 37% para mulheres e 23,9% para homens.

Mais da metade (50,9%) das mulheres com idades entre 25 e 49 anos que participaram da pesquisa cuidam de pessoas dentro de suas próprias casas e também realizam atividades para outros parentes. Esse número é maior do que o das mulheres envolvidas apenas nos cuidados dentro de seus próprios domicílios (46,5%).

O maior percentual de envolvimento em tarefas de cuidados entre os homens (33,3%) também ocorre na faixa etária dos 25 a 49 anos, e é alcançado através da realização de atividades tanto dentro do próprio domicílio quanto no domicílio de parentes não-moradores.

O cuidado de pessoas abrange, de maneira geral, a atenção às crianças, idosos, enfermos ou pessoas com deficiência. As atividades investigadas pela pesquisa englobam o auxílio nos cuidados pessoais (alimentar, administrar medicamentos, vestir, etc.), auxílio em atividades educacionais, envolvimento em leitura, jogos ou brincadeiras, monitoramento ou companhia, bem como transporte ou acompanhamento para escola, médico, exames, parques, praças e atividades culturais, religiosas ou esportivas.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.