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Ativista pela inclusão, analista de dados, autodidata e mulher com autismo: conheça Junny Freitas

Ativista pela inclusão e neurodiversidade, autodidata, analista de dados, nascida em Recife, mas mora em Maceió há 14 anos. É assim que se define Junny Freitas, de 31 anos. Junny é autista nível 1 de suporte, com altas habilidades/superdotação.

Ao Eufêmea, ela explicou que, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, pessoas no espectro são consideradas PCDs. “Isso se deve a diversas questões relacionadas ao diagnóstico da própria condição, como déficit na interação social, rigidez cognitiva, entre outros”, esclareceu.

Falta de acessibilidade

Junny contou que enfrenta diversos desafios diariamente, mas a falta de acessibilidade ainda é o maior obstáculo.

“O mundo não foi projetado para pessoas com deficiência. Não há adequação arquitetônica ou de comunicação para pessoas com deficiência auditiva, visual ou física”, destacou.

Ela disse que quando se trata do TEA é como se tudo se fundisse. “Pois a última coisa que é pensada “quando é pensada” é na questão sensorial. Iluminação, som, além da barreira de comunicação, que por nossa natureza de literalidade, acaba dificultando a socialização como eu já mencionei”.

Ela afirmou que é autodidata e que toda a sua formação foi conquistada de maneira independente, uma vez que não conseguiu prosseguir com o ensino superior devido à falta de ferramentas adequadas. “Isso se deve, principalmente, à barreira atitudinal na Universidade Federal que frequentei, antes da criação da Lei Brasileira de Inclusão”, explicou.

Participação na construção de lei nacional

Um dos momentos mais significativos para Junny foi sua participação na elaboração de uma lei nacional em benefício das pessoas com deficiência e doenças raras, lutando contra o rol taxativo da ANS.

“É algo que sempre me motiva: ouvir relatos e feedbacks de mães e pais que têm filhos no espectro ou até mesmo adultos recém-diagnosticados, percebendo de alguma forma que eu os faço bem. Seja acendendo a luz de que o diagnóstico não é uma sentença de infelicidade ou morte, e que nossas possibilidades e capacidades são diversas e infinitas”, reforça.

Para que o estado seja mais inclusivo, ela deseja que haja mais informação de conscientização sobre deficiências invisíveis. “Inclusive com treinamento principalmente com os profissionais da saúde pública e atendimento em diversos setores”.

E quem é Junny Freitas?

“Simplesmente sou quem sou: uma mulher com uma deficiência invisível. Alguém que encontrou direção na vida enquanto procurava soluções para seus próprios desafios, transformando esse propósito em algo voltado para impactar positivamente o maior número possível de pessoas”, conclui.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.