Foto: Reprodução/Vídeo
Vocês provavelmente já tiveram a oportunidade de assistir a um vídeo que tem sido amplamente divulgado nas redes sociais desde ontem. Nele, uma mulher é mostrada como vítima de perseguição por parte de seu ex-marido, que subiu no capô do carro em que ela se encontrava e começou a chutar o para-brisa. O caso aconteceu em Arapiraca, Alagoas.
Outro vídeo que também está viralizando é o da mesma mulher (que eu não conheço), onde ela se vê obrigada a se JUSTIFICAR perante as pessoas, alegando ser alvo de informações distorcidas e infundadas.
No vídeo, a mulher relata que algumas pessoas afirmaram que ela estava saindo de um show, além de outras declarações que, segundo ela, são mentirosas.
“Tenham responsabilidade no que vocês estão comentando. Tenham responsabilidade no que vocês estão compartilhando. São vidas destruídas. Além da minha vida que está sendo destruída, têm outras vidas sendo destruídas”, afirma no vídeo.
O ponto que desejo abordar aqui é a situação em que uma mulher se torna uma vítima, porém, é obrigada a se justificar. Isso ocorre porque algumas pessoas parecem valorizar mais as escolhas pessoais dela do que o perigo real que essa mulher está enfrentando. Ao assistir esse vídeo, a única reflexão que me veio à mente foi: “Que situação difícil é ser mulher!”
E, de fato, é uma situação DIFÍCIL! Diariamente, enfrentamos violências e nos vemos na necessidade de justificar o que não deveria necessitar explicação. A vida dela é algo que não diz respeito a ninguém mais, o ponto central é o perigo iminente que ela enfrenta. Contudo, dentro dessa sociedade marcada pelo machismo e pelo patriarcado, a mulher é pressionada a dar explicações. E digo mais: assumir uma culpa que não é dela.
Após um casamento de 13 anos, quando o relacionamento finalmente termina, o ex-parceiro, manifestando um padrão possessivo frequentemente observado em homens abusivos, decide subir no capô do carro em que ela se encontra. Ele começa a chutá-lo e faz ameaças de morte, mas a sociedade exige que ela justifique suas ações.
E por qual motivo isso acontece?
Na base desse comportamento está a ideia de que a mulher é um apêndice do homem, uma extensão de sua vontade e desejo. Essa visão distorcida é cultivada por uma sociedade patriarcal que valoriza o poder e o controle, perpetuando a crença de que a mulher deve ser controlada e mantida sob a autoridade masculina.
Devemos desafiar e rejeitar a ideia de que uma mulher é propriedade de alguém, e em vez disso, enxergá-la como uma indivíduo independente, capaz de fazer suas próprias escolhas e viver livre de controle indesejado.
Mulher, permita-me afirmar: não há necessidade de você se justificar perante a sociedade. Não internalize a culpabilização imposta às mulheres, pois a culpa não recai sobre você. Caso se encontre em uma situação de violência, independentemente de sua natureza, saiba que denunciar é crucial.
Estou no Instagram: @raissa.franca
