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O racismo na prateleira da loja: barbie branca e a negra – adivinhe qual era a babá?

MATÉRIA ATUALIZADA ÀS 21H

Ontem, estava um shopping em Maceió e ao entrar em uma loja, notei algumas bonecas Barbie. Enquanto as examinava, me deparei com duas delas posicionadas lado a lado: uma era branca (com um carrinho de compras) e a outra era uma Barbie negra, representando uma babá, acompanhada por uma criança branca. Em outras palavras, a Barbie negra, que assumia o papel de babá, estava cuidando de uma criança branca.

Foto: Raíssa França

Você pode estar pensando neste momento: “Você está problematizando! Estamos discutindo somente uma boneca.” No entanto, não se trata apenas da boneca.

Foto: Raíssa França

Essa cena, aparentemente ‘inocente’, traz à tona uma discussão crucial sobre representatividade, estereótipos e a influência que esses brinquedos têm na formação das mentalidades, especialmente das crianças.

Por que a boneca branca é retratada como a figura que desempenha o papel da mulher responsável pela ‘feira’ (ou seja: estamos falando de uma mulher que tem dinheiro para comprar, que assume um papel prestigioso), enquanto a boneca negra está como babá, assumindo o papel de cuidar e servir a pessoa branca?

Essa representação carrega consigo uma narrativa implícita sobre a hierarquia de papéis, sugerindo que a mulher negra está destinada a desempenhar um papel de cuidadora ou de subserviência em relação à figura branca.

Sabe tudo isso que presenciei ontem? Isso é racismo e ele estava ESTAMPADO na prateleira de uma loja. O racismo muitas vezes se disfarça em detalhes aparentemente pequenos, como os produtos que consumimos e as mensagens que eles transmitem.

E você sabe por que tudo isso me chamou a atenção? Porque estou consciente sobre esse assunto. Possivelmente, se eu não estivesse, não teria notado.

E você? Tem estado atento a essa questão?

NOTA:

Hoje, publicamos um texto opinativo abordando as distinções entre duas bonecas Barbie – uma branca e outra negra -. Algumas seguidoras explicaram que a boneca Barbie Babá negra faz parte de uma coleção anterior de ‘Babás’, lançada há anos, e que também inclui bonecas Babás brancas.

Reconhecemos a importância de esclarecer esse ponto (para garantir a compreensão da existência da referida coleção), embora salientemos que o teor do texto não se concentrou na coleção das bonecas em si.

Na loja em questão, notou-se uma ausência de diversidade, onde a única boneca negra disponível era representada como uma babá.

O texto busca abordar a preocupante dinâmica em que as mulheres negras muitas vezes são colocadas em papéis de cuidadoras ou serventes em relação a figuras brancas. Analisando alguns contextos, utilizamos a situação das bonecas na prateleira como exemplo.

Estou no Instagram: @raissa.franca
Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.