Estou no Instagram: @raissa.franca
–
Estes dias me vi em uma fase da vida que ainda não havia experimentado: conquistando uma coisa após a outra. Recebi o prêmio Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste, um reconhecimento nacional que conquistei graças ao voto popular (e isso me fez perceber quantas pessoas maravilhosas tenho ao meu lado). Além disso, ontem, fui homenageada pelo Conselho Regional de Administração devido à minha experiência e trajetória profissional através da Eufêmea.
Se você me perguntar se estou feliz, vou te dizer que sim, claro. No entanto, não posso negar que todas as minhas conquistas vêm acompanhadas de dores e lágrimas ocultas, fruto de tudo que passei. (Fiquem tranquilas, estou tratando disso na terapia).
Mas a verdade é que tudo isso que está acontecendo agora me custou muito. Eu fui uma criança pobre. Sim, me faltaram muitas coisas. Não consegui estudar nas melhores escolas, não pude ter aquelas canetas e cadernos bonitos que todos tinham porque eram caros, precisei pagar minha própria faculdade com o dinheiro de estágio e, muitas vezes, faltava dinheiro para a passagem de ônibus. Já tive que usar roupas emprestadas para as festas de final de ano, porque naquele ano minha mãe não tinha como comprar. Entre outras coisas que fui privada…
Quando entrei na faculdade e procurei estágio para pagar o curso de jornalismo, passei por situações humilhantes e sofri assédio moral por parte de alguns chefes. A insegurança dentro de mim era enorme. Eu não acreditava no meu potencial e, em muitos momentos, cheguei a pensar que não tinha nascido para o jornalismo, e em uma ocasião, alguém me disse isso…
Eu sei que muitas pessoas olham para mim hoje em dia e pensam que estou conquistando muitas coisas, como se não houvesse um longo caminho percorrido antes. Esse caminho foi marcado por muita dor. Não vou revelar toda a minha vida aqui, mas se você soubesse, certamente você se emocionaria…
A verdade é que conquistar tudo isso é estranho para mim. Um lado de mim diz que não deveria estar acontecendo, como se eu não fosse merecedora, como se fosse errado compartilhar minhas conquistas com as pessoas. O outro lado grita, afirmando que sou, sim, merecedora e que devo celebrar cada uma delas.
É inevitável não lembrar, a cada conquista, de tudo o que não tive, de tudo o que me faltou, das minhas dores, do quanto tudo isso me custou… E isso tem sido gritante dentro de mim.
Mas, como minha psicóloga diz: ‘Você merece celebrar porque é uma sobrevivente.’ Sim, eu tinha todas as razões para dar errado, mas, no entanto, dei certo.
Eu torço para que tudo o que me custou não seja lembrado de forma dolorosa, mas sim como uma história superada, porque minha nova história é completamente diferente. E eu mereço essa nova fase.