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Vivi é Vida: Ela lutou contra o câncer de mama e deixou legado de amor e ajuda ao próximo

Viviane Bastos descobriu o câncer de mama no auge de sua vida, aos 31 anos. Ela era dentista e tinha acabado de ficar noiva. A descoberta veio após uma consulta de rotina. Hoje, Viviane não está mais entre nós. Ela partiu quatro meses antes de seu casamento, mas sua memória permanece viva graças à criação de um grupo chamado ‘Vivi é Vida’.

Ao Eufêmea, a mãe de Viviane, Virgínia contou sobre a descoberta da doença da filha e o tratamento.

“No primeiro momento, o médico disse que ia ficar avaliando, mas esse nódulo foi crescendo e ele achou melhor retirar. Foi feita uma biópsia e verificou-se que não era maligno. Depois, ela sentiu novamente o nódulo e fez uma nova cirurgia. Nessa cirurgia, infelizmente, quando fez a biópsia, deu que era um câncer de mama triplo negativo, que é muito agressivo”, relembra.

O tratamento começou logo no mês seguinte, em novembro de 2016. Ela começou a fazer quimioterapia — 12 sessões da branca e 4 da vermelha –.

“O cabelo dela começou a cair logo na segunda sessão e a Vivi sempre foi muito forte, enfrentou a doença com muita coragem, com muita fé, com muita alegria, com um sorriso nos lábios, nunca reclamou”.

Virgínia conta que, apesar da força, o câncer da filha era muito agressivo e seu corpo acabou não reagindo aos tratamentos. “A todo momento surgiam sequelas e metástase. Ela teve várias metástases apresentando sequelas graves. Ela partiu quatro meses antes do seu casamento, em novembro de 2017”.

A mãe disse que Viviane buscava agir com naturalidade, empatia e ajudando as pessoas.

“Lembro-me de uma vez em que fomos a um médico em São Paulo, e ela sempre teve a prioridade de entrar, de ser a primeira da fila. Ela costumava dizer: ‘Não, mãe, eu não vou passar na frente de ninguém .’ Então, ela nunca usou a doença para ser vista como vítima. Muitas vezes as pessoas iam visitá-la para dar uma palavra de conforto, mas, no final, era ela que estava confortando uma pessoa”.

Criação do grupo

A mãe também se orgulha ao falar das causas sociais apoiadas por Viviane e conta que a atuação ativa da filha foi um dos fatores que motivou a criação de um grupo que carrega seu nome.

“Eu me lembro de tentar fazê-la desistir de ir, dizendo: ‘Não fique se expondo, sua imunidade está baixa.’ E ela sempre me retrucava, mamãe, às vezes as pessoas não têm o que comer, fazem quimioterapia, não têm nem o dinheiro para pegar o ônibus, chegar em casa, lavar louça, lavar roupa, então por que eu não posso ir? Ela sempre tinha isso em mente, que ela podia, que não se dobraria à doença.”

Quando Viviane partiu, a prima dela, Marcela, teve a ideia de criar um grupo para dar continuidade às ações sociais.

“Nós descobrimos que a Vivi tinha, mesmo estando doente, realizado uma ação beneficente para uma instituição que atendia crianças em situação de risco. Ela foi lá e organizou a festa do Dia das Crianças junto com sua amiga Dani. Ela também prometeu para sua irmã Joana, que era a responsável por essa instituição, que iria organizar a festa de Natal. Nós entramos em contato para informar que ela havia partido, mas que iríamos continuar com o plano de realizar a festa.”

Vivi é Vida

O grupo Vivi é Vida surgiu em Fortaleza. O nome não foi escolhido aleatoriamente. Mesmo com a partida de Viviane, sua memória continua a trazer vida.

“Em novembro, realizamos mais três ações e repetimos o feito em dezembro em prol das instituições de combate ao câncer em Fortaleza: o LAR Nossa Senhora de Fátima, o Lar Amigo de Jesus e o GEEON, que é uma instituição voltada para tratamentos oncológicos exclusivamente para mulheres com câncer”, relembra.

Foto: Cortesia

Como Viviane faleceu quatro meses antes do casamento, a ideia foi de manter a data do dia 17 de março e realizar uma grande festa na instituição Peter Pan. “O cantor que ia cantar no casamento foi pra lá, o fotógrafo, buffet, decoração. Adaptamos tudo para as crianças e foi uma festa muito linda”.

Segundo a mãe, Viviane sofreu durante o tratamento. Ela ficava com uma bomba de morfina ligada 24h e, às vezes, precisava tomar picos de morfina extra porque as dores não passavam.

“Mesmo assim, ela nunca reclamou. Era sempre com muita resignação, com muita fortaleza, então eu posso dizer que Vivi realmente é vida e no grupo é onde eu encontro e vejo que a Vivi está: muito viva e presente entre nós”, completa Virgínia.

Meline Lopes

Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.