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Ana Hickmann: a violência contra mulher independe de renda, religião, raça; você precisa entender isso

Você deve ter visto que a apresentadora Ana Hickmann foi agredida pelo marido, Alexandre Correa, na tarde deste sábado (11), e que ela fez uma denúncia contra ele na delegacia. Após a agressão, Ana foi até um hospital e precisou ter o braço esquerdo imobilizado.

De acordo com o boletim de ocorrência que o G1 teve acesso, Alexandre empurrou Ana Hickmann contra a parede e ameaçou dar cabeçadas na esposa. Ao tentar pegar seu celular, que estava em uma mesa, Alexandre fechou a porta da cozinha, atingindo Ana no braço. 

Eu vi alguns comentários de pessoas perplexas porque Ana foi vítima de violência. Então eu pergunto: por qual motivo as pessoas estão surpresas? Será que é porque Ana é rica, famosa e casada? As pessoas tendem a associar a violência contra a mulher a uma mulher preta, pobre, que está separada ou em processo de separação.

A violência contra a mulher pode atingir todas, independentemente de raça, classe, renda e religião. E essa violência não começa com a física. Antes de ser física, ela pode ter passado por todas as outras: violência moral, psicológica, sexual, patrimonial e física.

Sempre afirmo que a violência física é o estágio final das formas de violência, mas muitas vezes, a vítima só percebe que está sendo vítima de violência quando o homem a agride fisicamente. Por exemplo, no caso de Ana, alguns vídeos que vazaram mostram como o marido a tratava; ali, já podemos identificar algumas formas de violência.

Ana Hickmann agiu certo de ter denunciado o marido. Esse é o melhor caminho (embora eu saiba que não é fácil, tá?). A denúncia é importante para a quebra do ciclo de abuso. Ao romper o silêncio, as vítimas não apenas buscam justiça para si, mas também contribuem para a conscientização pública sobre a extensão do problema.

Falando sobre o ciclo do abuso, é importante observar que o marido frequentemente tentará justificar suas ações, alegando que estava de cabeça quente ou que perdeu a cabeça. Ele pode se desculpar e tentar entrar em contato com a vítima, buscando fazê-la sentir-se culpada pela agressão sofrida. Este padrão de comportamento é bastante comum no ciclo do agressor.

Então, leitora, não fique chocada que a apresentadora branca e rica foi agredida. A violência existe e é um problema que estamos vivenciando todos os dias. Entendam que existe uma questão urgente que está estampada todos os dias nas capas dos jornais, mas que muitas vezes não nos importamos. A violência está presente dentro das casas de milhares de mulheres.

Para vocês terem uma ideia: 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente por minuto no Brasil em 2022, segundo a pesquisa ‘Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil 4ª Edição, divulgada em 2023’.

Outro dado chocante: Quase 51 mil mulheres sofreram violência diariamente em 2022.

Deixo vocês com dados da pesquisa abaixo:

Reforço aqui: ao expor casos de violência, a sociedade é confrontada com a necessidade de mudanças estruturais e culturais para erradicar essa problemática.

A denúncia, portanto, não é apenas um ato individual corajoso, mas também um passo importante em direção a uma sociedade mais segura para todas as mulheres.

Estou no Instagram: @raissa.franca

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.