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Elas trocaram o trabalho presencial pelo home office em busca de liberdade e flexibilidade

Com a liberdade de gerir o próprio tempo e espaço, muitas mulheres têm buscado no home office uma resposta aos desafios preexistentes, proporcionando a flexibilidade necessária para conciliar as demandas profissionais e pessoais. Esse modelo de trabalho permite que uma pessoa exerça suas funções remotamente a partir de casa.

É o caso de Luíza Ávila, analista de relações públicas de 22 anos. Ao Eufêmea, ela revela uma trajetória marcada pela busca pelo equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Ela ingressou no mundo do trabalho durante a pandemia, estagiando em uma agência de comunicação que rapidamente adotou o modelo híbrido. No entanto, as complexidades do deslocamento a levaram a buscar novas oportunidades.

Liberdade e flexibilidade

Em julho de 2021, recebeu um convite para estagiar em São Paulo, onde enfrentou o desafio de trabalhar remotamente, sendo a única funcionária não local na agência. Essa experiência abriu portas para a contratação de profissionais de diversas regiões.

Ao abordar a produtividade no home office, Luíza destaca a liberdade que esse formato proporciona. Ela compartilha sua rotina, iniciando o dia às 9h e encerrando-o às 18h, com intervalos para cuidar da irmã mais nova. “A melhor parte de trabalhar remoto é não precisar me deslocar. Posso acordar um pouco mais tarde quando preciso”, ressalta.

A analista reconhece a importância de seu papel no suporte à família, especialmente em relação à irmã caçula. “Hoje eu moro com minha mãe e com as minhas 2 irmãs mais novas. A minha irmã tem 19 anos, e a caçula tem 10. Minha mãe e minha irmã trabalham o dia todo e tem faculdade à noite, então na maior parte do tempo sou só eu e a minha irmã caçula. Para mim o home-office consegue ser bem mais produtivo quando eu tenho uma demanda longa, algo que só eu consigo fazer e se eu não for interrompida”.

São quase quatro anos trabalhando remotamente e ela reconhece a vantagem do modelo, mas também ressalta a importância da compreensão de quem estava nos cargos de liderança para gerir esses processos.

“Sou muito grata pela relação que eu tenho com meu chefe. Ele conhece a minha história e entende que eu preciso tirar a minha hora de almoço um pouco mais cedo para ajudar a minha irmã. Às vezes eu preciso levá-la ao médico e fazer essas coisas que meus pais não conseguem fazer sempre”, continua.

“A mesa onde eu trabalho fica no meu quarto”

No entanto, Luíza aborda os desafios do home office, destacando a dificuldade de separar os espaços pessoal e profissional. “A mesa onde eu trabalho fica no meu quarto, e às vezes tudo o que eu quero é estar fora de casa, porque eu durmo onde eu trabalho e isso me fez muito mal por um tempo”, confessa.

Ao discutir a gestão do tempo, Luíza ressalta, mais uma vez, o apoio da liderança. “Quando dá 18h sabemos que é hora de parar, então fechamos o notebook e o resto fica para o dia seguinte”, destaca.

“No passado eu não tinha um notebook da empresa, e isso deixava as coisas muito confusas, eu não gostava de usar mais o meu computador pessoal porque sempre associava ele ao trabalho. Então ter um computador da empresa e baixar o WhatsApp Business me ajudou muito a separar o pessoal do trabalho. Mas acredito que o que mais fez diferença é o apoio que eu recebo dos meus chefes”, continua.

Embora aprecie a flexibilidade proporcionada pelo home office, ela também valoriza os momentos raros em que pode trabalhar em locais externos. De acordo com Luiza, essas experiências, embora simples para outros, representam para ela oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional.

Luíza destaca a importância das relações interpessoais. “Não estar lá acaba sendo negativo, mas eu entendo que nas minhas condições atuais, eu não tenho como me mudar”, reflete.

Microviolências

Quem também teve uma adaptação bem-sucedida ao modelo home office foi Kayalla Barreto, analista de marketing de 29 anos. Antes de integrar a empresa atual onde trabalha, Kayalla vivenciou os desafios da área da saúde, trabalhando em um hospital em Maceió. Ela revela as microviolências enfrentadas no ambiente de trabalho presencial.

“Sofri pequenas violências no modo de falar, na maneira como me tratava, de como olhava, ao fazer perguntas, ao receber orientações. Por eu ser mulher, chegava a casos de homens que preferiam lidar com outros homens.”, desabafa.

A transição para o trabalho remoto ocorreu no início da pandemia. Kayalla destaca como a empresa, anteriormente tentando modelos flexíveis sem sucesso, teve que se adaptar rapidamente. Essa mudança forçada permitiu com que a equipe descobrisse a eficácia do trabalho remoto, uma prática que perdura desde março de 2020.

A analista de marketing destaca os benefícios do home office, como a flexibilidade para realizar atividades físicas em horários convenientes. “O trabalho em casa traz muitas oportunidades que o trabalho presencial distancia da gente”, ressalta Kayalla.

”Baixa absurda na produtividade”

A adaptação ao trabalho em casa não foi instantânea para Kayalla. Nos primeiros meses da pandemia, ela enfrentou desafios que impactaram sua produtividade. A ansiedade gerada pelo contexto da crise sanitária a fez repensar seus métodos de trabalho. No entanto, com apoio e aconselhamento, ela superou esse período inicial.

“Nesses dois meses iniciais do trabalho em casa, eu não produzia nada. Eu ligava o computador, por causa da ansiedade, ficava olhando para a tela assim e não conseguia fazer nada”, relata.

Ao abordar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional no home office, Kayalla destaca a importância da disciplina e da organização. Ela reconhece a facilidade de misturar os papéis e priorizar o trabalho em detrimento de aspectos pessoais.

“Eu gosto do modelo híbrido que a minha empresa me oferece. Nós não trabalhamos home office. A gente tem o lema de remote first. Então, no primeiro momento, quanto mais remoto, melhor. Mas como a sede da empresa é aqui em Maceió, eu gosto de ir uma ou duas vezes por semana para trabalhar no presencial, porque essa mudança diária me ajuda”.

Ela enfatiza a importância de parar quando necessário e retornar às atividades com uma mente mais clara. “Trabalhar em casa é muito mais proveitoso, desde que haja equilíbrio e disciplina”, conclui.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.