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“Percebi o medo no olhar dela quando ele a ameaçou”, diz funcionária de mulher morta pelo marido

“Uma pessoa incrível, que conquistou todos ao seu redor. Trabalhadora e nunca poupou esforços para ajudar.” Era assim que Débora Joice enxergava Carla Janiere da Silva Barros, 24 anos, morta a tiros pelo marido na última terça-feira (14). Débora era funcionária da loja de Carla e filmou como o marido da vítima agiu com Carla antes de matá-la.

Ao Eufêmea, Débora disse que Carla era sonhadora e que a admirava. Fazia pouco tempo que ela trabalhava na loja, mas já tinha percebido o quanto Carla estava disposta a ajudar.

Ela disse que no dia do crime presenciou tudo, mas que Carla nunca demonstrou medo de Jeferson Marcos porque acreditava que ele não faria mal. “Mas no dia do crime, eu percebi o medo no olhar dela quando ele começou a ameaçá-la”.

Uma mensagem entre Carla e uma amiga mostra que a vítima já estava com medo. “Caso algo aconteça comigo, já sabe quem foi”.

Débora afirmou que a patroa nunca comentou se já havia sido vítima de violência, mas tinha confidenciado que ele era ciumento. “Até as roupas que ela usava o incomodavam”. No entanto, a funcionária acredita que Carla tinha sido vítima de violência, só nunca verbalizou. “Ele chegou a dizer que ela não deveria falar nada sobre eles dois. Se ele disse isso, é porque ela sabia de muitas coisas, mas tinha medo de falar.”

A funcionária também relatou ao Eufêmea que Carla sempre comentava que os dois brigavam muito e que ele passava por cima das ordens dela. “Ele nunca aceitava e tudo tinha que ser do jeito dele, sem ao menos conversar com ela”.

Sonho de ter a casa própria

Jane, carinhosamente chamada assim pelos amigos, tinha sonhos. Um deles se concretizou com a abertura de sua loja em Murici. O outro era ter uma casa própria e abrir outras lojas. “Ela estava economizando dinheiro para isso. Jane sempre foi sonhadora e sempre mirou alto. Essa era minha maior admiração por ela”, disse Débora.

Loja foi esvaziada após o crime…

A Polícia Civil vai instaurar inquérito policial para apurar o possível furto e apropriação indébita da loja pertencente a Carla. A equipe do 116º DP, esteve no local nesta quinta-feira (16), e constatou que a loja está fechada.

Os vizinhos disseram que a família do acusado levou todos os produtos e assessórios que havia na loja, utilizando um caminhão baú para levar o material.

“Não confundam amor com violência”

Para as mulheres que são vítimas de violência, Débora deixou um recado:

“Não confunda amor com violência! Nada justifica um homem agredir uma mulher. Que a nossa voz seja ouvida e nossas vidas sejam valorizadas. Um pedido de desculpas não significa que não vai se repetir; um ‘eu vou mudar’ não significa que vai. Portanto, mulheres, não se calem! Jane suportou tudo isso em silêncio, esperando por uma mudança que nunca chegou”.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.