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Por que as mulheres voltam para quem as feriu?

Por que voltamos para a pessoa que nos feriu?

Estive pensando sobre isso nos últimos dias, depois de ouvir relatos de pessoas próximas (ou nem tão próximas). Um colega me disse que preferia ‘retornar a alguém que já conhecia e que lhe proporcionava certo conforto’ em vez de seguir em frente e conhecer alguém novo.

Confesso que é difícil não me incomodar. Eu, que sou defensora da liberdade, que acredito que devemos arriscar e que precisamos abraçar o novo, sinto um pouco de tristeza ao ouvir isso de uma mulher. Embora eu compreenda que nem toda mulher é igual e que algumas preferem o que é seguro para elas.

Voltar para quem nos feriu. Fiquei pensando por que nós, mulheres, temos essa facilidade de retornar para essas pessoas. Não estou dizendo aqui que o perdão não deve existir ou que não devemos conceder uma segunda chance. Mas me pego observando quantas chances nós damos para as pessoas, em especial, para os homens que passam pelas nossas vidas.

Voltar ao lugar que nos feriu ou à pessoa que nos feriu é uma questão complexa, que muitas de nós já enfrentaram em algum momento da vida. Às vezes, retornamos ao lugar da ferida na esperança de que as coisas tenham mudado ou melhorado, na esperança de encontrar respostas para perguntas que ficaram em aberto, ou na tentativa de reverter um passado doloroso.

A sensação de familiaridade, mesmo que seja uma familiaridade dolorosa, pode parecer mais segura do que o desconhecido.

Voltamos por causa de apego, amor, esperança de mudança, medo de ficar sozinha. Mas o que eu quero te perguntar hoje é: vale a pena voltar para quem te feriu? o que te faz permanecer nessa posição?

Sim, acredito que algumas pessoas podem mudar, mas será que mudamos tão rapidamente? Será que não sobra sempre para a mulher a ideia de perdoar e seguir em frente, já que somos nós que estamos sempre dando chances, acolhendo, cuidando?

Separei três fatores que acredito que afetam significativamente as mulheres que optam por retornar a essas pessoas. Eu identifiquei esses fatores com base nas experiências de outras mulheres.

  1. Dependências: Sim, dependências. Dependência emocional, social, financeira… A mulher pode estar ligada por algum tipo de dependência que a faz retornar àquela pessoa. Essas formas de dependência podem exercer uma influência poderosa nas decisões das mulheres.
  2. Medo do desconhecido: O desconhecido pode ser assustador. As mulheres podem temer estar sozinhas ou não conseguirem encontrar um relacionamento melhor.
  3. Esperança de mudança: A crença de que o parceiro pode mudar e que as coisas podem melhorar pode levar as pessoas a tentar novamente.

Como jornalista e uma mulher envolvida em questões relacionadas às mulheres, sempre ouço relatos de mulheres que retornam para quem as feriu.

Hoje, eu gostaria de fazê-la pensar sobre o movimento que nós, mulheres, fazemos. Será que se fosse o contrário, os homens fariam isso por nós? Se fizéssemos com eles o que eles fizeram conosco? Será que receberíamos uma segunda, terceira, quarta chance?

Por qual motivo estamos presas a quem nos feriu? Que medo é esse que nos impede de conhecer o novo? Pressão social? Nossa autoestima baixa? Acreditamos que só aquela pessoa vai nos amar e aceitar?

Eu gostaria de te dizer que o novo pode ser belo e que você merece ser amada, feliz e respeitada. Se você se vê sempre retornando para quem te feriu, lembre-se de que a mudança começa em você. Você merece uma relação saudável.

Estou no Instagram: @raissa.franca

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.