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Este post é sobre traição e um final catártico

“Se um inimigo me insultasse,

eu poderia suportar;

se um adversário se levantasse contra mim,

eu poderia defender-me;

mas logo você, meu companheiro,

você, com quem eu partilhava

agradável comunhão…”

Só te trai quem é muito próximo.

Com definições análogas, traição e infidelidade no amor, denotam falta de respeito com o que foi comprometido. De acordo com Pittman (1994) traição é o ato de desonestidade frente a um acordo, ou seja, é a quebra de lealdade em relação a determinada pessoa. A traição pode vir de diversas formas, mas em se tratando de relações afetivas, a traição sexual é a mais comumente falada. E essa quebra de lealdade tem a ver com o convívio íntimo entre as pessoas.

Por que as pessoas traem?

O comportamento infiel vem de pessoas que não estão, de fato, comprometidas com a relação e desconsideram as consequências de seus atos a longo prazo. A pessoa que trai é dissimulada, finge ter um comportamento honesto para agradar a vítima, seus amigos e seus familiares, mas com o convívio ela não consegue manter a máscara.

Pessoas que fingem ser o que não são, estão longe do amadurecimento. Quanto mais o ser humano se conhece, mais ele transparece a verdade, e torna-se incapaz de criar um cenário e de agir com frieza contra o outro que está ao seu lado para consumar a traição. Quem trai começa a dar sinais que são perceptíveis para o parceiro, por mais que haja muito sentimento envolvido, não tem como disfarçar. Esconder o celular, ter pressa em sair de casa, mudança no modo de vestir, podem indicar que esta pessoa está tramando contra você.

Como suportar a dor da traição?

A forma enganosa e sedutora que um traidor apresenta, ilude a vítima, que compra aquela imagem e nutre expectativas com relação a ele. A partir do que ela acredita, apresenta esta pessoa a toda sociedade confiando nos atributos de caráter que o traidor simula ter. Quando a verdade vem à tona, existe uma dor imensa que passa pelo desejo de não admitir que se deixou enganar, o medo de não saber em quem mais acreditar, e a frustração por ter perdido o tempo e afeto em alguém que não era real.

Por falta de autonomia emocional, quando a dor da traição é quase que insuportável, a pessoa traída cogita fingir para si mesma que não houve a traição como uma forma de acabar com esta dor, e negar a rejeição que sofreu. A idealização do compromisso, a vontade de ter alguém, clama forte para que ela fuja da responsabilidade de pôr um fim nesta farsa que se tornou o relacionamento.

A relação a dois para uma pessoa que é fiel é um projeto de vida difícil de se desfazer, contudo, por mais que possa doer nos primeiros dias, precisamos nos dar conta de que quem estava ao nosso lado era uma imagem que construímos a partir de mentiras que nos foram contadas. Quando retiramos esta pessoa da nossa vida ficamos com o que é verdade.

Aceitar dar continuidade a uma relação falida por dependência emocional, acaba com a autoestima de quem possui valores éticos e morais e infringe os limites do amor-próprio.

Este post é sobre traição e, também, uma catarse.

Instagram: @dra.natercialopes

Natércia Lopes

Natércia Lopes

Licenciada em Matemática, Mestra em Educação Matemática e Tecnológica, Doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Coimbra e Psicanalista formada pela ABRAPSI.