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“Eu fui agredida por três homens na porta da minha residência, e a agressão continuou dentro da minha casa. Eu não estou falando aqui como uma mulher trans, mas sim como todas as mulheres de todo o Brasil, onde a qual sofre algum tipo de agressão.” O relato é de Lanna Hellen, mulher trans, ativista e influenciadora. O caso aconteceu no dia 2 de novembro, no bairro do Clima Bom, em Maceió.
Ao Eufêmea, a ativista expõe o caso de agressão que sofreu em sua própria casa, enquanto tentava resolver uma situação de perturbação sonora com os vizinhos. A agressão ocorreu durante uma transmissão ao vivo que Lanna estava realizando.
O episódio foi desencadeado por uma reclamação sobre o som alto dos vizinhos, algo que Lanna já havia mencionado anteriormente. A situação escalou rapidamente, resultando em uma agressão física.
“Estou abalada. Tenho medo!”
“O judiciário pode poder estar prestando as medidas cabíveis, porque, pelo suporte que eu recebi, tanto da delegacia quanto dos policiais militares, ainda precisa de muita preparação, tanto para as mulheres casadas quanto para qualquer vítima de agressão, ou quanto para a gente mulheres trans”, afirmou Lanna.
Apesar dos desafios no processo judicial, Alana expressou sua determinação em buscar justiça. “Vou correr atrás sim de justiça, porque automaticamente por uma discussão eu poderia ter vindo a óbito, mas Deus não permitiu. Imagina se eu tivesse chegado a ser assassinada dentro da minha própria casa por causa de uma discussão”, acrescentou.
Lanna também levantou questões sobre possíveis erros no procedimento legal, incluindo a elaboração incorreta de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). A ativista compartilhou suas preocupações com a convivência contínua no local onde a agressão ocorreu, especialmente porque os agressores são familiares. “Estou abalada ainda. Tenho medo, porque a gente não sabe, hoje em dia, da cabeça do ser humano”, expressou ela.
Tratamento inadequado
À reportagem, Rayanni Albuquerque, advogada criminalista responsável pela defesa de Lanna Ellen, revelou que a vítima buscou ajuda imediatamente na Central de Flagrantes após a agressão. No entanto, o tratamento recebido foi inadequado.
“Quando chegou lá, fizeram um TCO [Termo Circunstanciado de Ocorrência] de vias de fato e não a encaminharam ao IML [Instituto Médico Legal], nem fizeram pedido de medidas protetivas. Fizeram um TCO e mandaram ela voltar para casa”, explicou a advogada.
Rayanni ressaltou a inadequação da classificação inicial de vias de fato, que sugere agressões mútuas. “Vias de fato a pessoa entra também como autor, que são agressões mútuas. E não foi isso que aconteceu”, enfatizou ela.
“Aí nós voltamos à delegacia, dessa vez na delegacia especializada, e lá foi registrado a lesão corporal dolosa. Então, aí teve também violação de domicílio. Enfim, só hoje, através dessa nova tipificação registrada, que ela conseguiu ir ao IML fazer o exame de corpo de delito”, esclareceu Rayanni.
Rayanni também mencionou que durante o ato violento, os agressores proferiram palavras de cunho preconceituoso relacionadas à identidade de gênero de Lanna. “O que fica comprovado, o preconceito, a transfobia, a intolerância ao gênero, a escolha da Lana por ser mulher trans”, conclui.
A defesa informa ainda que está comprometida em garantir que todos os detalhes do caso sejam devidamente investigados e que a justiça prevaleça.