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Quem é Bianca Andrade, alagoana sete vezes campeã mundial

Foto: Cortesia

Sete vezes campeã mundial, doze vezes campeã brasileira, professora faixa preta 5 graus e sócia da academia de arte marcial Gracie Barra Alagoas, Bianca Andrade é a alagoana que está entre as 10 melhores lutadoras de jiu-jitsu do mundo.

Nascida em uma família de atletas, a hepta campeã foi incentivada desde muito nova a praticar esportes, suas brincadeiras preferidas quando criança eram jogar futebol, queimado e “roubar bandeira”. Ao Eufêmea, ela conta esse e outros detalhes da sua vida pessoal e profissional, e as expectativas para o ano de 2024.

O legado da família

A união de uma paraibana com um alagoano originou no nascimento de uma das melhores lutadoras de jiu-jitsu do mundo, a primogênita no meio de quatro irmãos, quando criança vivia pelas ruas jogando futebol, queimado, chimbra, garrafão e todas as brincadeiras da época que eram consideradas “coisa de menino”.

“Na época não tinha celular, então eu estudava e depois ia para a rua brincar de queimado, pega-pega, chimbra e jogar futebol. Eu lembro que eu adorava empinar bicicleta, pedalava quadras e mais quadras e parecia que nunca cansava”, relembra.

Na família, a prática de esportes não começou com a hepta campeã, a mãe, pai, avó e tia já conheciam muito bem esse mundo.

A mãe Rosalma e a Tia Rosali, por exemplo, eram uma dupla forte no vôlei, a avó pulava salto com varas e o pai já foi técnico de futebol dos times alagoanos CSA e CRB. A sucessão dessa marca registrada da família só cresceu.

Depois de Bianca, os irmãos deram continuidade e se tornaram também atletas, Juliana Andrade, por exemplo, é campeã de bodyboard, Tânia Andrade é campeã sul-americana de jiu-jitsu e Tânio Barreto é campeão brasileiro de surf profissional.

Agora, quem segue dando jus ao apelido “família de atletas” é a pequena Safira, filha da Bianca, que tem apenas 12 anos e já venceu o campeonato alagoano de jiu-jitsu. “A minha família sempre incentivou eu e os meus irmãos desde o início a praticar, competir e amar o esporte, mas sobretudo, nunca esquecer os estudos”, afirma a alagoana.

A atleta também praticou por muitos anos capoeira e se destacou com o bodyboard, ganhando título nacional e mundial. Outro aspecto da sua vida que poucos sabem é a graduação em Psicologia. “Nunca me interessei pela área clínica, atuei apenas para cumprir estágio. Hoje, como professora, alio a psicologia ao esporte e tem dado muito certo”.

Ao lado do esposo, Diojone Farias, Bianca administra a academia de arte marcial Gracie Barra Alagoas, onde também é professora de cerca de 250 alunos. A academia localizada em Maceió, busca atender diversos públicos, de crianças a adultos.

“O jiu-jitsu me trouxe as melhores coisas e eu retribuo isso através dos meus alunos. Eu repasso as minhas experiências de vida e as que ganhei nas competições, e como enfrentar os obstáculos e lutar bem, tudo isso de maneira simples e fácil”.

A maternidade e as competições

Em 2010, após ganhar mais um título no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu, Bianca descobriu que estava grávida. Por isso, resolveu se dedicar à maternidade e à educação da filha por um tempo. Sete anos depois, a atleta resolveu voltar firme aos treinos com a pretensão de competir.

“A Safira hoje nos ajuda muito. A educação dela continua sendo nosso foco, mas quando estamos em competição ela entende e nos apoia bastante”.

Ainda sobre a educação da sua filha, Bianca relata que busca desde o início repassar para ela o legado da família que é a prática de esportes. “A minha filha surfa, anda de skate, pratica jiu-jitsu, joga vôlei e tem o sonho de ser da seleção brasileira feminina de vôlei”, diz a alagoana.

Segundo a atleta, nas palestras que ministra sobre jiu-jitsu, as perguntas mais recorrentes que vêm da plateia, são em relação ao machismo que a maioria das mulheres sofre em ambientes ou profissões majoritariamente masculinas.

Quanto a isso, ela diz: “Eu desviava o olhar para qualquer tipo de comentário, me preocupando apenas com o que verdadeiramente importa. Nunca dei espaço também para eles ultrapassarem os limites de uma boa amizade, sabia mudar meu comportamento em cada situação, e é assim que vou levando até hoje”.

Ainda não estamos em 2024, mas Bianca Andrade já tem planos para o ano que está prestes a chegar. Eles incluem, por exemplo, competir novamente no Campeonato Mundial, dessa vez, ela não pretende ir sozinha.

“Quero me preparar ainda mais para competir, para sentir aquela adrenalina única de novo. Dessa vez, quero levar minha filha e alguns alunos para eles sentirem a energia de um mundial e ir conhecendo todo o processo”, finaliza a hepta campeã.

Cecília Calado

Cecília Calado

Pernambucana vivendo em terras alagoanas, Cecília Calado é estudante de Jornalismo com experiência em mídias sociais e produção de rádio e TV. Considera o Jornalismo uma ferramenta de transformação social.