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Gestar, parir e puerperar: Psicóloga alagoana lança livro sobre gestação e parto de nordestinas

Promover a reflexão sobre violência obstétrica, sobre silêncios, corpo, solidão, sobre humanização e escuta. Esses são alguns dos objetivos do livro “Gestar, parir e puerperar – Narrativas e questões para a Psicologia Perinatal”, da psicóloga alagoana Rayane Oliveira.

Em uma sociedade que silencia as vozes femininas, especialmente quando se trata de maternidade, a psicóloga e mestra em Psicologia pela UFAL [Universidade Federal de Alagoas], aborda o diálogo da autora com mulheres nordestinas que gestaram, pariram e puerperaram durante a pandemia da Covid-19.

Experiência de mulheres nordestinas

Ao Eufêmea, ela explica que o livro mergulha nas profundezas das experiências de mulheres do sertão alagoano durante a pandemia da Covid-19. “Especialmente as narrativas sobre as violências obstétricas que escutei das mulheres que participaram da pesquisa me impactaram demais”.

Rayane conta que sempre gostou de escrever. Ela se define como “a pessoa dos diários e blogs”. No entanto, escrever e publicar um livro era um pensamento distante durante muito tempo, até que a ideia surgiu com a finalização da dissertação do mestrado.

“Estou feliz com a decisão de publicar, com o resultado e com o retorno que tenho recebido de quem está lendo, tem sido muito especial”, comemora.

A paixão de Rayane pela Psicologia Perinatal floresceu após seu próprio parto em 2016. Ela relata que se aproximou de outras gestantes, ampliando sua compreensão sobre as complexidades do ciclo gravídico-puerperal. “Naquela época, no Nordeste ainda não tinha nenhuma pós-graduação na área… Passei a acompanhar partos, a atender esse público na clínica e também na Atenção Básica do SUS [Sistema Único de Saúde]”, compartilha.

Reflexões sobre maternidade

Essa jornada na escrita foi uma viagem através das gerações e também uma reflexão sobre sua própria maternidade. “Me exigiu muito emocionalmente, revisitei as histórias das mulheres da minha família; da minha avó, que pariu o primeiro filho em 1946, até o meu nascimento, em 1989; resgatei também minha experiência pessoal de parto e outras que testemunhei como doula”, conta.

“É um livro que traz narrativas de mulheres que gestaram, pariram e passaram pelo puerpério… São histórias únicas, mas também comuns”, continua.

Perinatalidade

“Em um contexto em que o direito ao acompanhante de livre escolha ainda é negado, nos posicionarmos como importantes nesse cenário me faz questionar em quê está fundamentada essa reivindicação”. Ela vê seu livro como um convite à reflexão crítica sobre a postura dos profissionais que atuam na perinatalidade.

Rayane conta ainda que não tinha grandes expectativas quando publicou seu livro, mas desejava que as histórias ali contadas fossem ouvidas e que as vozes das mulheres fossem valorizadas. “Minha expectativa é de que elas lembrem que suas histórias, seus desejos, expectativas, suas vozes, importam”.

Em “Gestar, parir e puerperar”, Rayane Oliveira convida a uma jornada de escuta, reflexão e reconhecimento da importância das experiências femininas.

“Há muito a ser estudado sobre gestação, mas há ainda mais sobre os contextos sociais, culturais, econômicos, sobre as questões de gênero, raça e classe que atravessam as experiências de gestar, parir e puerperar”, conclui.

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Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.