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Prévias de Carnaval: mulheres relatam situações de assédio e importunação sexual durante as festas

Foto: @naoenao_/Instagram/Reprodução/ND

As prévias carnavalescas têm início neste final de semana, e apesar da alegria que essa época nos proporciona, muitas mulheres enfrentam uma situação que ainda persiste: o assédio e a importunação sexual. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ibope Inteligência, divulgada em 2020, 48% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de constrangimento, assédio ou importunação sexual em uma festa de carnaval.

Ao Eufêmea, mulheres relataram suas experiências durante as prévias e blocos de carnaval na capital e no interior de Alagoas.

Uma delas, que preferiu não ser identificada, compartilhou que foi a um bloco de carnaval em Maceió com seu namorado. No entanto, no momento em que ele se afastou para comprar uma bebida, os assédios começaram.

“Eu estava olhando para o bloco que passava por mim, quando percebi um homem ao meu lado me encarando; senti que, se não o tivesse percebido ali, ele teria tentado me beijar à força”, relembra.

Ela também citou que além dessa situação, já foi ‘puxada pelo braço’, olhada de uma forma diferente e escutou coisas que não gostaria. “Acho que todas já passamos por isso”, continua.

Para ela, além dos assédios e importunações, também recai sobre a mulher a preocupação com a reação do parceiro diante da situação: “Para a gente que é comprometida, ficamos mais receosas de que aquilo acabe virando uma briga”.

“Passaram a minha não minha bunda”

A pesquisa do Ibope revela que o comportamento machista é comum nos blocos. 29% dos internautas masculinos que responderam ao levantamento afirmaram que “uma mulher que usa roupa curta não pode reclamar de receber uma cantada”, enquanto 18% afirma que o “beijo roubado” ou seja, sem o consentimento da mulher, faz parte do momento da paquera.

A assistente social Mariana Alves é de São José da Laje e relatou que já enfrentou algumas situações durante o carnaval no interior do estado.

“Algumas vezes em que estava na rua passaram a mão na minha bunda, em outras, passavam se encostando. Sem contar as vezes em que tentaram me beijar, e quando neguei, continuaram insistindo”.

A jovem afirma que nesses momentos, o sentimento predominante é a fúria, misturada com uma sensação de impotência. Apesar da vontade de reagir a essas situações, ela admite que o medo fala mais alto e acaba deixando a ideia de lado.

O Ibope revela que a maioria das vítimas tem entre 16 e 24 anos. Das que relataram passar por alguma dessas situações, 50% afirmam que foram vítimas de constrangimento verbal, 22% relatam constrangimento físico e 28% das mulheres afirmam ter sofrido os dois tipos de constrangimento.

Bloco Não é Não!

O Café Delas, reconhecido por seu compromisso com a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, uniu forças neste ano ao Portal Eufêmea para fortalecer o Bloco “Não é Não!” durante as prévias do Carnaval de 2024. O propósito do bloco é promover a conscientização sobre causas relevantes, como o combate à violência contra a mulher, a importunação e o assédio sexual.

Como vai funcionar o Bloco?

O bloco sairá no dia 27 de janeiro, durante a Folia de Rua em Arapiraca. Já no dia 03 de fevereiro, no Pinto da Madrugada, em Maceió, o bloco marcará presença na orla. Em Arapiraca, o bloco terá uma estrutura independente. Enquanto em Maceió, o bloco “Não é Não” estará posicionado dentro do bloco do Pinto da Madrugada.

As camisas

Para os blocos, as camisas serão comercializadas por um preço simbólico e podem ser adquiridas aqui.

Aquelas que adquirirem a camisa terão acesso aos eventos em Arapiraca e Maceió. Em ambos os casos, as pessoas poderão retirar as camisas em pontos específicos que serão divulgados no Instagram do @cafedelas.