Duas advogadas de Alagoas, Paula Falcão e Tálita Baêta, foram agredidas verbalmente no último sábado por um homem que gravou um vídeo e divulgou nas redes sociais. Além delas, o homem também proferiu xingamentos contra advogados de maneira geral, utilizando termos como ‘vagabundos’ e ‘cara de pau.’
Nesta quinta-feira, o Eufêmea recebeu – via redes sociais – um novo vídeo dele no qual afirmou possuir um atestado de ‘problema de desequilíbrio’ e pediu desculpas a alguns advogados. No entanto, ele ressaltou que mantém sua posição contra as advogadas envolvidas na ação.
“É coisa de advogado vagabundo, sem escrúpulos. Ela poderia ter ligado para mim e feito um acordo, mas para querer roubar e lesar homem de bem, essas duas moças, serão processadas por calúnia, injúria e difamação”, disse ele em um vídeo.
Ao Eufêmea, Paula Falcão explicou que ela e Tálita são advogadas de uma reclamante que trabalhou como empregada doméstica. Segundo ela, um dos ex-patrões ficou insatisfeito com a reclamação trabalhista e, por meio de vídeos postados no Instagram, passou a ofender as duas advogadas e a cliente delas.
“Além das ofensas dirigidas a nós três, também proferiu ataques à OAB e aos integrantes do Poder Judiciário”, disse. O vídeo no Instagram foi apagado depois.
Ela reforçou que ambas não conhecem pessoalmente o homem e que soube que elas estavam sendo atacadas após os alunos enviarem os vídeos e as manifestações de indignação.
“Imediatamente procuramos o presidente da OAB que, em menos de 15 minutos, nos respondeu e deu todo suporte”, disse.
Desde então, elas estão tomando todas as medidas e adotando as providências jurídicas necessárias para a proteção dos interesses de todas as ofendidas. “Nós e nossa cliente.”
Para a advogada, a postura dele é reflexo da aposta na impunidade ou, caso haja alguma condenação, numa redução do valor a ser pago. “Reflete um desdém às instituições democráticas.”
Paula também enfatiza que as agressões e ameaças dirigidas a elas três, independentemente da profissão que exercem, são apenas exemplos do que diversas mulheres vivem diariamente.
OAB emitiu nota
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Alagoas, repudiou veementemente os ataques sofridos pelas advogadas Paula Falcão e Tálita Baêta.
A OAB Alagoas informa que, de imediato, por meio dos presidentes Vagner Paes e Leonardo de Morais, da Caixa de Assistência, “prestou todo apoio e orientação às advogadas, bem como acompanha as medidas nos âmbitos criminais e cíveis que estão sendo tomadas”, ressaltando que o poder judiciário já foi acionado.
A Comissão da Mulher Advogada e a Diretoria de Prerrogativas também estão acompanhando o caso.
AMADA emitiu nota
Além da OAB, outras associações emitiram nota de apoio às advogadas. Entre elas, a AMADA (Associação das Mulheres Advogadas de Alagoas).
Em nota, a AMADA escreveu: “A advocacia é um dos pilares da justiça. Não defendemos lado, mas o direito! Atacar a advocacia é desrespeitar o estado democrático de direito e não podemos permitir esta conduta! Somos invioláveis no exercício do nosso mister. Somos indispensáveis à administração da Justiça. Paulas, Talitas, Andressas, João e José, todas e todos merecem o mesmo respeito e dignidade. É preciso se indignar. É preciso cobrar responsabilidade. É preciso punir.”
E completou: “Advocacia não é uma profissão de covardes e juntos e juntas continuaremos lutando o bom combate e parafraseando Rudolf Von Ihering “Na luta pela Justiça”. Nosso total apoio às competentes advogadas e a sua cliente. Ao agressor, nefasto em suas palavras e desrespeitoso com toda a honrosa advocacia, nosso total repúdio! Conclamamos às autoridades competentes que todas as medidas sejam tomadas para que sirvam de exemplo.”
O Eufêmea tentou entrar em contato com o homem que gravou o vídeo, mas a conta dele foi desativada no Instagram. O espaço está aberto para manifestação.