Colabore com o Eufemea

Elas criaram um estúdio de tatuagem em Maceió focado no público feminino e LGBTQIAP+

“Mulheres estão conquistando seu espaço e estamos inseridas nesse movimento, proporcionando um ambiente acolhedor e livre de estereótipos. Queremos quebrar barreiras e celebrar a expressão individual através da arte no corpo”. A fala é de Andressa Fialho, uma das mentes por trás do Gato Preto, um estúdio de tatuagem e piercing, localizado em Maceió.

O espaço artístico e acolhedor tem suas raízes no amor entre as paranaenses Andressa Fialho e Carol Ragazzi, juntamente com seu felino, o gato preto chamado Treva. Foi a partir desse vínculo que nasceu a inspiração para criar um estúdio único – o Gato Preto – realizado por mulheres, para mulheres e pessoas LGBTQIAP+. 

“Treva, nosso gato preto, é praticamente o dono do estúdio. Ele está conosco desde o início, quando começamos a nossa jornada juntas”, disse Andressa ao Eufêmea.

Diversidade e expressão artística

Foto: Arquivo Pessoal

Andressa contou que o Gato Preto já está presente em Maceió há dois anos, mas a trajetória delas começou antes. Ela reforça que muitos estúdios são excessivamente masculinos e, em alguns casos, machistas.

“Eu e Carol já estávamos imersas nesse universo, ela como profissional de body piercing e eu como tatuadora. Infelizmente, muitos estúdios são caracterizados por um ambiente excessivamente masculino e, em alguns casos, machista. Isso não é exclusivo da tatuagem; é uma realidade em diversas áreas do comércio”, explica Andressa.

Ela compartilhou ainda a inspiração por trás desse espaço que se tornou uma expressão artística inclusiva. A base delas foi desviar do tradicional estúdio e adotar uma abordagem mais atelier e colaborativa.

Foto: Arquivo Pessoal

“Queríamos proporcionar um ambiente seguro e acolhedor, especialmente considerando nossas identidades como mulheres e membros da comunidade LGBTQIA+, sujeitos a preconceitos diários”, explica.

De acordo com ela, o Gato Preto não é apenas um estúdio de tatuagem: é um espaço que abraça a colaboração.

“Nosso objetivo é criar um local seguro e agradável para nossos clientes, enquanto também oferecemos oportunidades para outros artistas se juntarem a nós. Aqui, não nos limitamos a tatuar ou fazer piercings. Exploramos arte em parede, tela, desenhos, artesanatos e até moda. Queremos trazer esse espírito colaborativo para o coração do Gato Preto”, destaca Andressa.

Autoestima e empoderamento feminino

Andressa explica que a tatuagem vai além de um simples desenho na pele; é uma conexão profunda com a autoestima e o empoderamento feminino. “Lidar com a saúde emocional de uma pessoa vai muito além da tinta. Cada tatuagem tem uma história, e isso faz toda a diferença. O ato de tatuar é um procedimento íntimo, onde a arte se entrelaça com sentimentos e narrativas pessoais”, explica.

Foto: Arquivo Pessoal

Ela diz que, mesmo após anos de dedicação à arte corporal, persiste uma visão estigmatizada sobre a profissão. “A tatuagem ainda é mal vista pela sociedade, muitas vezes sendo associada à marginalização. No entanto, após a pandemia, observamos um surpreendente aumento de artistas optando por trabalhar em casa. Em 2023, testemunhamos um aumento significativo de 25% em novos tatuadores, profissionais de body piercing e novos estúdios.”

Esse boom na cena da tatuagem veio acompanhado de uma demanda crescente por profissionais mulheres. “É uma revolução positiva. Mulheres estão conquistando seu espaço não apenas como clientes, mas como tatuadoras e piercers”, destaca Andressa.

Rede de apoio

Foto: Arquivo Pessoal

Andressa compartilha como o casal de empresárias enfrenta desafios diários, assumindo papéis que vão desde o marketing até a limpeza, dentro do estúdio.

“Lidar com todas as facetas do negócio é um desafio significativo em qualquer área. Aqui, eu e Carol dividimos todas as responsabilidades, buscando constantemente conhecimento e apoio. Buscamos conhecimento específico para superar as dificuldades”, explica a co-fundadora.

A busca por ajuda vai além, estendendo-se a uma rede de parceiros e amigos no meio empresarial. “Estamos construindo uma comunidade de apoio com amigos que também são empreendedores. A troca de experiências e conhecimentos é fundamental. Procuramos criar uma rede sólida para enfrentar os desafios do nosso meio empresarial”, finaliza.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.