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“Sensação de estar morrendo”: Psicólogas explicam o que é e como lidar com o transtorno do pânico

Mais prevalente em mulheres, o transtorno do pânico afeta aproximadamente 4,4 milhões de mulheres brasileiras. Ele é caracterizado por crises de ansiedade repentina e intensa, acompanhadas de forte sensação de medo ou mal-estar, além de sintomas físicos.

Ao Eufêmea, as psicólogas Ingrid Marielly (CRP 15/4395) e Adelayde França (CRP 15/5833) explicaram o que é o transtorno e tudo o que você precisa saber sobre o assunto.

Segundo Ingrid, os ataques de pânico acarretam intenso sofrimento psíquico com modificações importantes de comportamento devido ao medo da ocorrência de novos ataques. “As crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 15 a 30 minutos”, explicou ela.

Ela listou alguns sintomas para identificar as crises:

  • Aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração;
  • Falta de ar;
  • Pressão ou dor no peito;
  • Palidez;
  • Suor frio;
  • Tontura;
  • Náusea;
  • Pernas bambas;
  • Formigamento;
  • Tremores;
  • Calafrios ou ondas de calor;
  • Sensação de estar “fora do corpo”;
  • Medo de morrer ou de “perder o controle”;
  • Sensação de tontura, desmaio ou vômito no pico da crise.

Diagnóstico

A psicóloga explica que o diagnóstico só pode ser feito por um profissional da saúde mental, psicólogo ou psiquiatra. “O transtorno de pânico é diagnosticado depois que distúrbios clínicos gerais que podem mimetizar ansiedade são descartados e quando os sintomas preenchem os critérios estipulados no DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).”

Transtorno difere da ansiedade

Foto: Arquivo Pessoal

A psicóloga Adelayde França explica que o transtorno do pânico faz parte dos transtornos ansiosos, mas difere de uma crise de ansiedade comum.

“Na ansiedade, existe uma motivação. Então, se você fica ansioso, é porque está se preparando para uma entrevista de emprego, por exemplo. Há um direcionamento claro. Já numa crise de pânico, não. É inesperado, é rápido, é intenso. É tão intenso que se assemelha muito à sensação de estar morrendo”.

Ela reforça que não é porque você teve um episódio de pânico que você tenha o transtorno. No entanto, se não for cuidado, tratado e levado a sério, a pessoa pode desenvolvê-lo. “Para o diagnóstico do transtorno do pânico, é necessário que o paciente tenha tido outros ataques em outros momentos, ou pelo menos tenha uma preocupação excessiva e recorrente que a situação aconteça novamente”.

Tratamento

Adelayde e Ingrid também explicam que o tratamento precisa ser feito com o acompanhamento do psicólogo e psiquiatra.

“A TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) e a Gestalt-terapia são mais eficazes para lidar com as crises e trabalhar junto com o paciente as possíveis causas, prevenindo assim a recorrência dos sintomas”, diz Ingrid.

“Durante a crise, o paciente tem ideias distorcidas, especialmente sobre os sintomas. Ele pode acreditar que está morrendo, quando na verdade não é o que está ocorrendo. Uma das técnicas utilizadas é a psicoeducação, pois é fundamental instruir o paciente sobre o que está acontecendo com ele, o que também o auxilia a passar pela crise”, complementa Adelayde.

Família e amigos

As psicólogas também reforçaram a importância da participação da família e dos amigos. Segundo Adelayde, para quem tem transtorno do pânico, durante uma crise, estar com pessoas pode proporcionar maior conforto, já que isso gera segurança.

Ingrid também destaca que existem várias maneiras de ajudar uma pessoa que está tendo uma crise de pânico. “Porém, é fundamental que a pessoa que vai oferecer ajuda mantenha a calma em primeiro lugar. E ajude a pessoa a controlar a respiração”.

Técnicas que ajudam quem está passando por uma crise

A psicóloga Ingrid destacou que existem algumas técnicas de respiração que podem auxiliar nesse momento, bem como algumas técnicas de relaxamento que também podem ser fundamentais.

Ela citou algumas técnicas:

  • Sentar: Relaxar em uma cadeira confortável pode parecer simples, mas pode ser extremamente eficaz. Com os pés confortavelmente no chão, a pessoa deve se concentrar em inspirar e expirar lentamente e em como se sente sentada na cadeira.

  • Técnica 5-4-3-2-1: Focar em outras coisas na sala e em diferentes sentidos pode distrair a pessoa do ataque de pânico. Elas podem se concentrar na identificação de cinco itens para ver, quatro objetos para tocar, três ruídos para ouvir, dois cheiros diferentes e um sabor.

  • Matemática simples: Contar de um a 10 fora de ordem ou realizar cálculos matemáticos simples, como tabuadas, fornece algo mais em que se concentrar.

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.