“Quando a mulher chega ao pós-parto e se olha no espelho, procura o corpo que tinha antes do bebê. Só que esse corpo não existe mais. É algo com que a mãe precisa lidar. Houve um período entre me olhar no espelho e aceitar esse novo corpo, que não estava mais nutrindo uma vida”, disse Raquel Pedrosa, psicóloga de 36 anos, no período puerperal, com uma filha de dois meses.
Raquel é uma das mulheres entrevistadas para a campanha do Eufêmea em parceria com a marca Alma de Sereia. A campanha “Cada corpo tem sua história” tem o objetivo de destacar e honrar as jornadas individuais das mulheres em relação à autoaceitação e ao amor-próprio. Além das mulheres entrevistadas para o portal de notícias, o Eufêmea também entrevistou mulheres para vídeos que serão publicados nas redes sociais.
Mudanças corporais no pós parto
Raquel compartilha as mudanças que ocorrem no corpo durante a gestação, uma fase que ela define como “frequentemente romantizada”. De acordo com ela, o processo de aceitação do corpo pós-parto é desafiador, uma vez que as expectativas muitas vezes estão projetadas na imagem pré-gestacional.
“O fato de você ver sua barriga crescer, o quadril alargar, ganhar alguns quilinhos a mais, tudo isso ainda é visto como algo positivo. São transformações positivas. Afinal de contas, você está nutrindo um bebê. Mas quando chega ao pós-parto, você se olha no espelho e procura o corpo que existia antes do bebê”, ressalta Raquel.
Ela destaca a importância de não ter pressa para recuperar o corpo anterior, compreendendo que é um processo gradual, assim como os nove meses de gestação. Para ela, tem sido um processo de aprendizado gostar desse novo corpo, de aceitar-se e entender que não precisa ter pressa para mudar.
“Um dia de cada vez”
Raquel tem adotado um mantra: “um dia de cada vez”. Para ela, é importante pensar positivamente na construção de pequenos hábitos diários que contribuam para o autocuidado.
“Eu posso não estar com o corpo que gostaria de ter, não ter a qualidade de sono que tinha antes, não estar tão descansada como era, mas o que posso fazer hoje para melhorar um pouco desse sono, desse cansaço, desse corpo? O que posso fazer por mim hoje?”, diz.
A importância de buscar ajuda e formar uma rede de apoio também foi citada por Raquel. Ela afirma que sua rede envolve profissionais como analistas, nutricionistas e personal trainer para ajudar na busca por sua identidade pós-gestacional.
“É uma turma boa da qual estou me amparando para que eu possa me reencontrar, me renovar. Não ser a mesma pessoa que era antes, porque jamais serei. Mas para que eu possa entender quem é essa nova Raquel que chegou para mim pós-gestação”, explica.
Influência da sociedade
Quando questionada sobre a influência da sociedade em sua percepção de beleza e aparência, ela destaca que, embora haja impacto das expectativas sociais, sua prioridade é a saúde.
“Acho que não existe ninguém que não se importe com o social, até porque a gente não vive numa bolha. Mas o que pesa mais na balança é o que eu quero para mim. E o que eu quero é ser uma mãe saudável para minha filha, com resistência para poder abaixar, correr e participar ativamente da infância dela”, pontua.
Raquel encerra com um conselho para mulheres no pós-parto: “Seja gentil consigo mesma. Não é o momento de se exigir muito. É o momento de você vivenciar hoje.”