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“Transformar o bruto no belo”: conheça a história de Juliana Pitta, designer que produz joias autorais em Alagoas

Ao transformar o bruto no belo, as joias ganham vida como verdadeiras obras de arte. Nesse universo repleto de brilho e elegância, as peças recebem destaque não apenas como enfeites bonitos, mas também por contarem a história de como algo comum se torna deslumbrante através das mãos habilidosas e criativas dos artistas. Esse é o caso da alagoana Juliana Pitta, designer de joias, ourives e criadora da loja de joias ‘Maria Moura’.

A veia criativa de Juliana apareceu ainda na infância, quando observava sua avó paterna costurar roupas, pintar telas e cozinhar. Além disso, sua mãe sempre a incentivou a ter atividades criativas, como comprar peças para que brincasse montando acessórios.

“Minhas brincadeiras quando criança com minha irmã eram sempre de ‘dona de banca de revista’, ‘dona de loja de roupas’. Quando criança eu já amava vender qualquer coisa que fosse: de torteletes a filhotes de hamsters que tive. O lado empreendedora sempre esteve aí”, relata Pitta ao Eufêmea.

Universo das joias e empreendedorismo

Em 2017, Juliana mudou-se para São Paulo em busca de expandir sua mente e criatividade, iniciando assim sua trajetória na ourivesaria. A empresária expõe que se apaixonou pelas joias já em meio ao processo de aprender a produzi-las. “Eu sempre amei mesmo trabalhar manualmente e liberar a criatividade. Mas para quem não sabe, a Maria Moura iniciou no universo das bijuterias, com minha produção manual”, disse Juliana.

Foto: Arquivo Pessoal

A Maria Moura foi criada após Juliana ter se formado em Administração de empresas e ter resolvido trabalhar com algo que até então era apenas um hobbie, a criação de bijuterias. “Maria Moura sou eu. Meu nome completo é Juliana Maria Moura Pitta. Quando eu comecei a marca, eu não sabia muito que nome colocar, então resolvi usar meus nomes no meio para não associar totalmente ao meu nome que eu sempre uso”, explicou.

Ao longo de sua carreira, a designer enfrentou diversos desafios, mas ela conta que o mais marcante foi quando voltou para Maceió e precisou produzir sozinha, sem auxílio de ninguém e com ‘medo de absolutamente tudo’. Ela relata que o medo era de não dar certo, de se queimar fazendo soldas e fundições, de martelar os próprios dedos – que aconteceu algumas vezes- e de colocar fogo na casa de seus pais.

“Eu tinha pesadelos recorrentes com isso. Tudo isso me paralisou por cerca de cinco meses. Eu chegava no atelier na casa dos meus pais e não conseguia produzir nada; às vezes, demorava uma tarde inteira para fazer algo que deveria demandar apenas 20 minutos. Procrastinei por muito tempo o lançamento da minha primeira coleção por puro medo. Mas aprendi que o medo sempre vai existir e está tudo bem; você só não pode permitir que ele te paralise”, destaca Juliana.

Em 2021, sua irmã e agora sócia Ana Luísa, juntou-se a ela e participa desde então dos processos criativos e operacionais na empresa. Juntas, seguem construindo uma marca que preza pela sustentabilidade dos metais, a criação afetiva e minimalista e o significado de joias eternas.

“O segundo desafio e mais recente foi abrir a loja física, foi assustador pensar em toda a responsabilidade que viria com isso, mas dessa vez eu tinha minha irmã e agora sócia ao meu lado.”

Expressão artística através de peças

Para a empresária, a criatividade e individualidade desempenham papéis fundamentais na expressão artística de cada peça. Ela pontua que a criatividade permite explorar novas ideias, técnicas e materiais, resultando em designs únicos e inovadores.

Já a individualidade permite que imprima a própria identidade e estilo em cada criação, tornando cada peça uma única e reflexo das experiências e forma de enxergar o mundo. “Esses elementos combinados dão vida a joias únicas e com significado, que vão muito além de meros acessórios, são obras de arte que contam histórias e despertam emoções em quem as usa”, diz.

Foto: Arquivo Pessoal

Quando questionada sobre qual conselho daria para mulheres que aspiram seguir carreiras criativas, especialmente em campos tradicionalmente dominados por homens, Juliana informa que, apesar de ser um meio difícil, o mais importante é não abaixar a cabeça.

Ela cita ainda um trecho do livro “Aurora, o despertar da mulher exausta”, de Marcela Ceribelli: “é essencial honrar sua voz interior, confiar em suas habilidades e não se deixar intimidar por expectativas ou estereótipos de gênero.”

“Busque o apoio de pessoas que se importem com você e que confiem no seu talento (nem sempre serão nossas famílias, ok?! Muitas vezes elas sentem mais medo por nós do que nós mesmas, e é compreensível) e lembre-se de que a percepção do outro sobre você não define o seu valor”, aconselha a ourives.

A empresária também reforça que a sensibilidade da mulher é única e que uma joia deve ir muito além de um simples adorno.

“Ela deve trazer consigo algum significado, remeter a memórias afetivas, carregar história e empoderar outras mulheres. Os homens que me perdoem, mas as mulheres são muito mais capazes de ‘transformar o bruto no belo'”, conclui.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.