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A vida adulta e o peso invisível: tem alguém bem por aí?

Imagem gerada pela IA

Tem alguém bem por aí?

Tenho pensado cada vez mais nisso e me pergunto se realmente tem alguém que esteja bem por aí. Deixa eu te explicar melhor por que decidi escrever sobre isso. Tenho conversado com várias amigas e conhecidas na faixa dos 30+ anos, e praticamente 80% delas estão passando por uma fase difícil, especialmente no aspecto emocional e mental.

Durante essas conversas, algumas frases têm me chamado a atenção. São mulheres diferentes, com vidas distintas, mas parece que todas estão enfrentando os mesmos sentimentos. Frases como “não tenho mais vontade de viver”, “sinto-me sozinha” e “não estou bem” têm se tornado cada vez mais frequentes. A tristeza parece estar mais presente, enquanto a alegria parece ter sumido. As coisas que antes preenchiam suas vidas agora parecem vazias, deixando apenas um sentimento de vazio e solidão.

Esse cenário me incomodou profundamente, e comecei a buscar respostas para entender por que isso tem se tornado tão comum. Tenho refletido sobre algumas questões e quero compartilhar com você. Veja se faz sentido (e se não fizer, tudo bem também). Será que, ao chegar a essa faixa etária, nos deparamos com uma vida cheia de desafios, escolhas e dificuldades, e acabamos esquecendo da leveza, da importância de simplesmente não nos importarmos tanto, de deixar de lado o peso excessivo da responsabilidade?

Uma amiga minha disse algo que me marcou hoje: “A sensação é que somos como crianças que foram jogadas no meio da vida adulta e não sabem como lidar com o agora”. E o agora, essa vida adulta, muitas vezes é cruel. Quando somos mais jovens, imaginamos que aos 30 anos teremos uma vida completamente diferente, mas muitas vezes a realidade não corresponde às nossas expectativas.

Então, como lidar com isso? A minha história sempre foi marcada por muitas perdas, dores e desafios que eu não deveria ter enfrentado tão cedo, mas isso me ensinou a ressignificar o que não posso mudar. Aceitar que algumas coisas simplesmente são como são. E, acima de tudo, me ensinou que é fundamental cuidar de si. E quando falo em cuidar de si, refiro-me a tudo: corpo, mente e espírito. Acredito que somos seres com muitas camadas, e cada uma dessas camadas precisa ser cuidada com carinho, amor e atenção.

Nem sempre é fácil. Não, não é. A alegria na vida adulta não é constante; ela se torna um momento, assim como a tristeza. No entanto, existe algo que transcende essas emoções momentâneas: a resiliência. A capacidade de seguir em frente, de encontrar força nos pequenos momentos de felicidade e aprendizado nos momentos de dor. A vida adulta nos ensina que nem tudo é permanente.

Além da resiliência, acho que precisamos falar sobre a importância de criar uma rede de apoio. Muitas vezes, nos sentimos isoladas, como se estivéssemos enfrentando tudo sozinhas, mas a verdade é que ninguém precisa carregar o peso da vida adulta sem ajuda.

É fundamental reconhecer que está tudo bem em pedir apoio, em falar sobre o que estamos sentindo, e em buscar conforto nas amizades, na família ou em comunidades que compartilham dos mesmos desafios. Conectar-se com outras pessoas que compreendem a complexidade dessa fase pode ser um alívio enorme e nos lembrar que, mesmo em meio às dificuldades, não estamos sozinhas.

E lembre-se: reescrever a sua própria história é uma jornada que só você pode trilhar. No entanto, essa caminhada não precisa ser solitária. Contar com o apoio de pessoas queridas e, quando necessário, buscar a orientação de profissionais, como psicólogas e psiquiatras, é fundamental para que essa reescrita seja feita de maneira saudável e consciente. Não há vergonha em pedir ajuda; pelo contrário, reconhecer a necessidade de apoio é um ato de coragem e autocuidado.

Estou no Instagram: @raissa.franca

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.