A pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Datafolha, revelou um dado alarmante: entre as 2.017 pessoas entrevistadas em 126 municípios, 52% já presenciaram algum tipo de violência contra meninas e mulheres, praticada por familiares ou parceiros íntimos.
Mas como podemos ajudar a vítima em situações como essas? O Eufêmea conversou com profissionais para esclarecer como identificar os sinais de violência, acolher a vítima de maneira adequada e denunciar casos de violência doméstica.
Como acolher psicologicamente a vítima?
“O acolhimento a uma mulher vítima de violência começa, sobretudo, pela escuta. Uma escuta sem julgamento. Trata-se de uma mulher que precisa ser amparada e acolhida. É fundamental que a pessoa esteja presente por ela, com olhos e ouvidos atentos ao que ela tem a dizer”, afirma a psicóloga Raquel Pedrosa, especialista em saúde mental da mulher.
Raquel salienta que, ao perceber que uma mulher está passando por violência doméstica, não se deve perguntar o que ela fez para que a violência ocorresse ou questioná-la por não ter reagido. A psicóloga reforça que, em situações assim, a culpa é sempre do agressor. “O que importa é o que você pode fazer para que ela se sinta melhor naquele momento, para amenizar a dor que está vivenciando”, destaca.
Quanto à abordagem, a psicóloga afirma que há uma linha tênue a ser respeitada. Muitas vezes, a mulher nem percebe que está em uma situação de violência e pode não estar pronta para encarar a realidade. Por isso, Raquel destaca que, ao questioná-la, é essencial fazê-lo de forma não invasiva, respeitando o seu tempo e espaço.
Sinais da violência doméstica
Os sinais de violência variam conforme o tipo de abuso que a mulher está sofrendo. Segundo a psicóloga, nos casos de violência física, os sinais são mais evidentes, como hematomas ou machucados sem explicações plausíveis.
Já no caso da violência psicológica, os indícios podem ser mais sutis, como choro fácil, medo constante e retraimento social, que muitas vezes passam despercebidos, mas são igualmente alarmantes.
O art. 5º da Lei Maria da Penha define a violência doméstica e familiar contra a mulher como:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura-se como violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano moral ou patrimonial.” (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
Tipos de violência doméstica
Além da violência física, a advogada Rebeca Morais destaca que outras formas de agressão contra a mulher também são caracterizadas como violência doméstica.
“Há a violência psicológica, moral, patrimonial e sexual. Em muitos casos, esses tipos de violência precedem a violência física”, adverte Rebeca, chamando atenção para a importância de reconhecer esses sinais antes que a situação se agrave.
A violência psicológica envolve ameaças, imposição de vestuário, questionamentos constantes e ações que geram dúvidas sobre a sanidade mental da mulher.
Violência moral ocorre quando a mulher é caluniada, difamada ou vítima de injúria, atacando sua reputação e dignidade.
Violência patrimonial ou financeira se caracteriza por reter dinheiro, destruir pertences ou impedir a mulher de trabalhar, controlando suas finanças e autonomia.
Violência sexual inclui forçar a mulher a relações sexuais ou atos que causem desconforto, forçar matrimônio ou impedir o uso de preservativos ou métodos contraceptivos.
Como denunciar
A advogada Rebeca Morais ressalta a importância de denunciar casos de violência doméstica. Qualquer pessoa que testemunhe uma mulher sendo agredida, ou a própria vítima, pode realizar a denúncia por meio do Disque Denúncia 181, um importante canal de comunicação entre a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas e a população.
Além disso, a denúncia também pode ser feita através do 180, que é a Central de Atendimento à Mulher, ou pelo 190, número da Polícia Militar. Nesse caso, a ligação deve ser feita no momento em que a violência está acontecendo, para que uma viatura seja enviada imediatamente ao local. As ligações são gratuitas e podem ser feitas de qualquer telefone fixo ou móvel, em todo o Brasil, 24 horas por dia.
Você também pode procurar uma Delegacia da Mulher ou uma delegacia comum. Há também as Salas Lilás ou os Centro Integrados de Segurança Pública – CISP dos municípios.
Como ajudar uma vítima de violência doméstica
Para oferecer apoio a uma vítima de violência doméstica, seja em Maceió ou em qualquer outro lugar, é essencial agir com sensibilidade, sem julgamentos e com informações adequadas.