Foto: Arquivo Pessoal – Rafaela
Usada para capturar momentos e histórias, a fotografia pode ser uma ferramenta para o empoderamento feminino e a promoção de causas sociais. Cada clique é um ato de coragem, revelando histórias de força e resiliência, desafiando padrões e celebrando mulheres. Fotógrafas que abraçam causas femininas usam suas câmeras para transformar visões em declarações poderosas, dando voz a quem muitas vezes é silenciado.
É o caso da fotógrafa e artista alagoana Rafaela Chafer, que usa a fotografia para entrelaçar o ativismo com o fortalecimento feminino. Ao Eufêmea, ela conta que sua entrada no mundo da fotografia profissional ocorreu com o nascimento de sua filha, quando passou a frequentar rodas de mulheres e a testemunhar as pressões e tabus enfrentados no pós-parto, como a cobrança social por um “corpo ideal” e a dificuldade em lidar com a amamentação em público.
Nesse ambiente, Chafer percebeu a necessidade de questionar e desafiar essas imposições.
Foi a partir dessa vivência que ela se especializou em retratar mulheres e suas famílias, buscando fortalecer o sentimento de aceitação e união entre elas. Rafaela destaca que seu processo de escolha das mulheres que fotografa não segue um padrão.
“Às vezes conheço uma pessoa e sinto vontade de fazer o convite, outras vezes abro seleção para que as pessoas interessadas se inscrevam e, em alguns casos, sou contratada pelas próprias mulheres para realizar essas sessões”, explica.
Para ela, a experiência é transformadora tanto para quem está sendo fotografada quanto para si mesma. “A medida de sucesso, para mim, é quando a pessoa que fotografei entrega tanto e isso transforma a vida dela. Quando tocamos uma pessoa dessa forma, isso reverbera para outras, e esse é o movimento de mudança”, revela.
Valorização do corpo feminino
Um dos projetos mais marcantes de Rafaela Chafer foi o “Todo Mundo Tem Um Corpo”, desenvolvido durante a Residência Artística de Fotógrafos Mira Latina. Nesse trabalho, Chafer capturou imagens de mulheres e interviu artisticamente nelas, utilizando bordados para destacar aspectos das fotografias.
Além disso, realizou uma intervenção urbana, colando lambe-lambes de grande formato nas ruas da cidade, com o objetivo de promover a discussão sobre a diversidade corporal e a insatisfação que muitas mulheres sentem em relação à própria imagem.
De acordo com ela, o projeto trouxe à tona a reflexão sobre como, independentemente do padrão ao qual se encaixam, muitas mulheres se sentem desconfortáveis e pressionadas.
Para o futuro, Rafaela planeja um novo projeto voltado para o reconhecimento e a valorização do corpo feminino como singular. “Desejo saber o que preenche nosso corpo, e a intenção é que a gente se preencha de nós mesmas, se reconheça, e entenda que ocupar esses espaços é um grande passo na luta. Nosso corpo é nosso templo, nossa casa”, reforça.
A mensagem que Rafaela deseja transmitir com sua fotografia é clara: é com o corpo que temos que experienciamos o mundo. Ela conta que busca, por meio de suas imagens e dos diálogos que promove, desconstruir a ideia de performar para agradar aos outros e reforçar a importância de aceitar e valorizar o corpo que habitamos. “Eu tento trazer essa consciência, principalmente em encontros com mulheres, de que é com esse corpo que a gente sente prazer, ama, corre, anda e vive”, explica.
Conexão familiar
O fortalecimento feminino através da fotografia também surge a partir da conexão com a sua própria história familiar. Marcela dos Anjos, fotógrafa especializada em mulheres empreendedoras, é a prova disso.
Filha e neta de mulheres que construíram suas vidas através do empreendedorismo — com avós costureiras e mãe cabeleireira —, Marcela encontrou na fotografia uma forma de dar visibilidade a essas histórias e apoiar outras mulheres que, como sua família, equilibram a gestão de negócios com a vida pessoal.
Ela conta que sua jornada começou em 2019, nos meses de transição entre o final do ensino médio e o início da graduação em Jornalismo na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Durante esse período de espera, ela realizou seu primeiro curso de fotografia. Porém, foi em 2020, durante a pandemia, que Marcela decidiu investir na carreira, estudando mais e se promovendo até conseguir seus primeiros ensaios em setembro daquele ano.
A escolha de seu nicho, focado em mulheres empreendedoras, aconteceu de forma natural. “No início, direcionei meu trabalho para as mulheres, pois percebia o quanto o relacionamento familiar ficava em segundo plano. Elas se dedicavam tanto ao trabalho que acabavam não aparecendo nas fotos, sendo sempre quem fotografava os outros”, relata Marcela.
Mulheres empreendedoras
Segundo a fotógrafa, ao oferecer ensaios que capturavam esses momentos em família, ela também contribuía para resgatar a presença dessas mulheres, que muitas vezes ficam à margem de suas próprias histórias. “Recentemente, fiz alterações no meu posicionamento […] porque acredito que uma empreendedora confiante no próprio trabalho encontra paz para aproveitar a família e ter qualidade de vida, que é o que todas buscam”, diz.
Carregando consigo o slogan “o real é mais que suficiente”, Marcela busca transmitir a ideia de que, em um mundo cheio de comparações, nossas histórias e sonhos são únicos e a realidade em que vivemos é o suficiente para tornar nossos objetivos possíveis.
Os projetos de Marcela são sempre inspirados nas necessidades de suas clientes, sejam elas donas de negócios, mulheres ou mães. O mais recente foi uma série de lives no Instagram, onde suas clientes compartilharam suas histórias, proporcionando visibilidade e conexão com seu público. “Para o futuro, quero continuar trazendo histórias reais para que possamos nos fortalecer, motivar e inspirar”, comenta.
A fotografia de Marcela impacta diretamente o sucesso de suas clientes, ajudando a se apresentar com confiança e profissionalismo. “Ver uma cliente postando sua primeira foto no Instagram, desenvolvendo sua postura diante da câmera, realizando lançamentos de eventos ou expandindo seus negócios é a realização do meu trabalho. O sucesso delas é o meu sucesso”, afirma.