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“Sozinha, a polícia não consegue resolver a violência doméstica”, afirma delegada e candidata a vereadora

“Ingressar na política nunca foi um projeto pessoal; é o resultado de uma construção coletiva. Já há alguns anos na área de enfrentamento à violência doméstica, e quem lida diariamente com esse tema percebe que a polícia, sozinha, não consegue resolver todo o problema”, afirma Ana Luiza Nogueira, escritora, feminista, delegada e candidata a vereadora de Maceió nas eleições de 2024.

Com mais de 20 anos de experiência na Polícia Civil de Alagoas, Ana Luiza foi a primeira mulher a comandar a seção de roubos a banco. Sua atuação no combate ao crime organizado resultou na redução quase total desse tipo de crime no estado.

Ao Eufêmea, ela afirma que a articulação municipal é essencial para proteger essas mulheres, e foi essa visão que motivou sua candidatura. “Muitas mulheres não acessam a rede de proteção da Lei Maria da Penha, mas acabam utilizando serviços de saúde, programas de assistência ou os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Especializados (CREAS)”, destaca.

Principais propostas

Entre suas principais propostas, a delegada destaca a criação de políticas voltadas ao apoio de mulheres vítimas de violência, como a reserva de vagas em creches para seus filhos, a criação de casas-abrigo específicas para adolescentes vítimas de violência e a implementação de um banco de empregos destinado a essas mulheres.

“A dependência financeira é um dos principais fatores que mantém as mulheres em relacionamentos abusivos. Esse suporte pode contribuir para a redução dos índices de violência”, destaca.

Já na área da educação, a candidata propõe o projeto “Lei Maria da Penha nas Escolas”, com o objetivo de conscientizar jovens sobre a violência doméstica. Conforme Ana Luiza, dados da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas mostram que os agressores, em sua maioria, são jovens entre 17 e 19 anos.

“Essa ideia reforçaria a percepção de que as novas gerações estão mais conscientes sobre direitos igualitários. No entanto, a realidade é bem diferente. Infelizmente, a faixa etária predominante entre os agressores é cada vez mais jovem, composta por adolescentes e pessoas na faixa dos 20 anos, que têm repetidamente cometido violência contra a mulher”, alerta.

Ela também propõe a criação de centros de convivência para idosos e a ampliação da rede de atendimento para autistas entre 14 e 18 anos. “Tomei conhecimento de que há uma lacuna no atendimento desse público na rede de saúde, e o tratamento não pode ser interrompido, sob pena de causar um prejuízo significativo”, avalia a candidata.

Representatividade feminina

A delegada acredita que a representatividade feminina na política precisa ser ampliada. Segundo ela, atualmente, as mulheres ocupam apenas 16% das cadeiras na Câmara Municipal de Maceió e, embora reconheça os avanços, defende que é necessário alcançar uma paridade real entre homens e mulheres.

“É fundamental que mais mulheres sejam eleitas, para que possamos, em algum momento, celebrar uma paridade efetiva entre homens e mulheres. No momento, essa paridade, com toda certeza, ainda não existe”, afirma.

Acostumada a atuar em um ambiente predominantemente masculino, como o da polícia, Ana Luiza reconhece que ainda existe preconceito em relação à presença feminina em cargos de liderança.

No entanto, ela encara essa realidade como um desafio a ser superado, tanto na segurança pública quanto na política. “As mulheres precisam ocupar espaços de poder e decisão, especialmente em questões que afetam diretamente suas vidas”, conclui.

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Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.