Na última semana, mais cinco mulheres registraram boletim de ocorrência contra Alisson Santos, proprietário da academia FocoFitness, unidade Aldebaran, em Maceió. Com essas denúncias, o número de mulheres que acusam o dono da academia de assédio sexual chega a nove. Entre os casos, uma mulher relata também uma acusação de estupro, enquanto outra o denuncia por violência psicológica. O Eufêmea entrou em contato com o proprietário sobre as novas denúncias, mas até a publicação desta matéria, ele não se posicionou.
No dia 14 de outubro, o Eufêmea publicou uma reportagem sobre quatro mulheres, incluindo a ex-esposa, que haviam denunciado Alisson Santos. Em resposta, o proprietário afirmou que as acusações eram infundadas. No mesmo dia em que a reportagem foi ao ar, o Eufêmea recebeu novos relatos de outras mulheres.
Os relatos dessas novas mulheres seguem um padrão semelhante. Nenhuma delas quis ser identificada. Uma das denunciantes relatou que Alisson frequentemente pedia abraços e justificava o ato de fechar a porta da sala alegando ter ‘toc’ com portas abertas. Segundo ela, durante um treinamento, ele a agarrou, segurou sua mão e a fez passar sobre seu pênis, que estava ereto.
“Foi nojento. Fiquei sem reação e disse que aquilo não era adequado para uma relação entre chefe e funcionária”, relatou a denunciante.
Ela também contou que Alisson a convidou para ter relações sexuais, mas ela recusou. “Ele ficou chateado, mas depois agiu normalmente, como se nada tivesse acontecido. Além disso, durante os treinamentos, ele ficava me encarando, o que me deixava desconfortável. Pensei em denunciar, mas tive medo de que ninguém acreditasse em mim”, contou.
Olhares invasivos
Uma das mulheres que denunciou Alisson é uma ex-frequentadora da academia. “Tudo começou de forma sutil. Eu ia para um equipamento, e ele logo vinha atrás, puxando assuntos que não tinham relação com a academia”, contou.
“Era nítido que ele sempre estava, de certa forma, me seguindo pela academia, indo para onde eu ia. Além disso, os olhares eram muito invasivos e fixos, o que me deixava desconfortável. O que mais me preocupou foi quando ele me viu na academia e, como eu não o cumprimentei, ele me enviou uma mensagem no Instagram dizendo que iria até minha casa. Ele sabia onde eu morava porque tinha acesso aos cadastros dos alunos. Fiquei com medo e o bloqueei em todas as redes sociais”, afirmou.
“Ele me destruiu por dentro”
Uma ex-funcionária da academia relatou ao Eufêmea que, em determinado dia, Alisson a chamou para sua sala, trancou a porta e começou a fazer perguntas sobre seu relacionamento e sua vida sexual. “Fiquei muito assustada, mas ele dizia que ali era um ambiente familiar e que eu deveria me sentir à vontade”, comentou.
Ela disse que, naquele momento, se levantou e anunciou que iria sair da sala. “Ele me puxou pelo braço, me encostou na parede e pediu um abraço, dizendo para eu não ir embora. Eu o empurrei, mas ele me puxou de volta e pediu um beijo. Falei para ele me respeitar e saí da sala chorando muito”, relatou.
No entanto, segundo ela, os avanços não pararam aí. “Ele sempre me chamava para a sala, e eu evitava tratar qualquer assunto com ele. Isso me destruiu por dentro e me fez sentir medo”.
“Eu precisava do trabalho”
Uma das denunciantes disse que, em sua visão, as atitudes de Alisson eram completamente inadequadas para a forma como um patrão deveria tratar uma funcionária. Ela relatou que ele a chamou para sua sala com as luzes apagadas e pediu que ela observasse as pessoas em frente à academia, através do vidro da sala.
“Para isso, precisei me inclinar. No momento em que me inclinei, ele se posicionou atrás de mim e “encostou” rapidamente, dizendo “eita, cuidado” e segurando minha cintura. Na hora, saí rapidamente da sala, me sentindo desconfortável e constrangida, especialmente pelo fato de ele ter deixado as luzes apagadas”, contou.
Em outra ocasião, segundo ela relatou, ele elogiou seu trabalho e pediu um abraço. “Ao me abraçar, ele beijou minha nuca. Fiquei paralisada naquele momento. Ele saiu da recepção e foi treinar na academia. Foi aí que percebi que não se tratava apenas de um agradecimento; ele usou a situação para novamente encostar em mim”, relatou.
Ela conta que não denunciou na época porque precisava do emprego e que somente agora, ao perceber que ele fez o mesmo com outras mulheres, decidiu registrar um boletim de ocorrência. “Peço que quem passou por uma situação semelhante o denuncie”, disse.
“Tive crises de ansiedade”
“No início, ele me chamava para a sala para saber como estava minha adaptação à empresa e como eu me relacionava com as colegas. Com o tempo, porém, começou a me dar abraços apertados, que eu considerava extremamente inconvenientes. Sentia muito desconforto com aquela situação”, disse a quinta denunciante.
Ela contou que após isso, em um outro dia, ele a chamou novamente para a sala e, dessa vez, tentou beijá-la a força, segurando o rosto dela. “Desviei com dificuldade e, graças a Deus, alguém bateu na porta, o que o fez me soltar. Consegui sair da sala naquele momento”, disse.
“Após esse episódio, comecei a ter crises de ansiedade toda vez que ia para o trabalho, especialmente no final do dia, quando o horário de voltar à academia se aproximava. Busquei ajuda médica e fui diagnosticada com Ansiedade Generalizada. Foi então que decidi pedir demissão”, concluiu.