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A adoração à magreza está enraizada na sociedade há décadas. A viralização de trends com áudios que repetem ‘magras, magras, magras’ e a popularização do uso inadequado de medicamentos para emagrecimento rápido evidenciam como as redes sociais têm impulsionado a busca incessante pelo corpo magro.
No entanto, além de impactar negativamente a percepção que as pessoas têm de si mesmas, o emagrecimento excessivo pode trazer sérias consequências para a saúde física e mental. De acordo com a nutricionista comportamental e mestranda da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Paula Guimarães, a perda extrema de peso pode levar a complicações graves, como a desnutrição.

“A perda de peso excessiva pode desencadear problemas como ausência de menstruação, fraqueza muscular, flacidez em diversas áreas do corpo e até maior suscetibilidade a doenças, como as síndromes gripais”, afirma a nutricionista.
A nutróloga Ana Layse ressalta que o emagrecimento repentino, baseado em dietas restritivas e sem o acompanhamento de um profissional, aumenta significativamente o risco do efeito sanfona – quando o corpo recupera todo o peso perdido.
“Além disso, outros prejuízos incluem deficiências nutricionais graves, alterações hormonais e, não menos importante, uma maior incidência de transtornos alimentares, como a compulsão alimentar”, alerta a nutróloga.
Por que as pessoas estão emagrecendo tanto?
De acordo com a nutricionista Paula Guimarães, as redes sociais desempenham um papel significativo na busca pelo emagrecimento. “O padrão idealizado pela sociedade e propagado pela mídia gera uma insatisfação com o próprio corpo, levando as mulheres a uma busca incessante pelo corpo magro e perfeito”, explica.
Ela ressalta que, além de contribuírem para a distorção da imagem corporal, criando padrões inalcançáveis, as redes sociais também promovem conteúdos irresponsáveis que divulgam soluções milagrosas e dietas extremamente restritivas. Esses fatores, segundo Guimarães, favorecem uma relação negativa com o alimento e incentivam comportamentos de risco que podem desencadear transtornos alimentares.
A nutróloga Ana Layse complementa que, nas redes sociais, as pessoas compartilham apenas um recorte idealizado de suas vidas, o que pode distorcer a percepção da realidade. “Um exemplo claro disso foi o caso da influenciadora Bianca Andrade, que afirmava ter emagrecido com ‘comidas da terra e exercício físico’. Porém, mais tarde, em um áudio vazado, revelou que havia realizado procedimentos estéticos para alcançar o resultado”, relembrou.

Layse ainda alerta sobre a influência de conteúdos patrocinados e a falta de senso crítico ao consumi-los. “Muitas dessas influenciadoras recebem patrocínios e apoios, mas quem assiste não considera isso”, disse.
Impactos na saúde mental
A nutricionista ainda destaca que o emagrecimento excessivo pode ter impactos profundos na saúde mental. “O nosso corpo funciona como uma teia de aranha: tudo está interligado. Alterar uma condição significa afetar o organismo como um todo. Uma alimentação desequilibrada, focada exclusivamente no emagrecimento rápido, pode agravar quadros de ansiedade e depressão”, explica.
Já Ana Layse cita como a busca implacável por magreza não é sustentável e pode inserir a mulher em um ciclo de restrição, culpa e frustração. Isso porque com dietas restritivas, as chances da mulher ganhar o peso perdido novamente são muito comuns.
Segundo Ana Layse, esse padrão alimentar pode causar mudanças comportamentais significativas, elevando o risco de desenvolver transtornos alimentares, como bulimia, anorexia e compulsão alimentar. Ela também chama a atenção para os impactos das deficiências nutricionais na saúde mental.
“A falta de vitaminas do complexo B, fundamentais para a produção de neurotransmissores como a serotonina, pode intensificar sintomas de depressão, ansiedade e dificuldades cognitivas. Além disso, a carência de outros nutrientes essenciais agrava ainda mais esses quadros”, diz.
Como emagrecer de forma saudável
Para alcançar um emagrecimento saudável, Ana enfatiza a importância do apoio profissional. “O processo de emagrecimento não é linear, é cheio de altos e baixos. Contar com a orientação de um profissional é essencial para garantir que o emagrecimento ocorra de forma saudável e sustentável”, explica.
Ela também destaca a necessidade de focar em mudanças graduais no estilo de vida. Incorporar exercícios físicos à rotina e desenvolver uma relação consciente e equilibrada com a alimentação são passos fundamentais.
“O alimento não é o vilão. Evite comparações e respeite o seu tempo e o seu processo, que é único e individual”, conclui a nutróloga.