(Tempo de leitura: 2 minutos)
A sensação é de ódio. Não apenas de quem tirou a vida de Anna Cecillya dos Santos Silva, uma menina de apenas 9 anos, mas também por uma sociedade que continua, de tantas formas, a matar meninas e mulheres. É impossível não se horrorizar com esse caso. Se você não estiver emocionalmente preparada, recomendo que não continue a leitura deste texto.
Anna desapareceu no dia 21 de janeiro, após sair de casa para brincar. Seu corpo foi encontrado no domingo (26), na zona rural de Branquinha, em Alagoas. Duas pessoas foram presas: o namorado da tia da menina e um menor de idade.
Não vou detalhar tudo o que eles fizeram aqui porque é cruel e é preciso ter muito estômago para aguentar, mas o que posso dizer é que Anna foi estuprada antes de morrer. E, aos cinco anos, por um ex-padrasto. Vocês conseguem entender quantas violências essa criança sofreu?
Sempre que refletirmos sobre esse assunto, devemos lembrar que não se trata de um caso isolado, mas de parte de uma cultura que busca controlar, ameaçar e matar meninas e mulheres. O machismo que está enraizado na nossa sociedade ensina, desde cedo, que o corpo da mulher é público e que ela deve se moldar a expectativas externas e aceitar abusos como parte do “normal”.
O patriarcado, por sua vez, legitima esse controle, garantindo que vozes femininas sejam abafadas e que a violência continue a ser tratada como um problema individual, e não como um sintoma de uma sociedade doente.
Anna não é apenas um número, ela era uma criança com sonhos, com uma vida pela frente, interrompida por uma sociedade que insiste em fechar os olhos para a barbárie. Eu queria colocá-la nos braços e dizer que tudo ficaria bem, que o mundo não seria tão cruel com meninas como ela.
Queria dizer que ela tinha o direito de brincar, de sonhar, de crescer em um lugar onde a violência não a encontrasse, onde sua vida fosse protegida e valorizada. Mas, mais uma vez, os homens tiraram o direito dela de existir.
Que a gente lute, insista em transformar essa realidade. Que não permitamos que meninas como Anna Cecillya sejam reduzidas a números ou esquecidas em meio à indiferença. Que cada uma dessas histórias nos lembre da urgência de combater tantas violências que arrancam o direito de existir.
Continuemos lutando pela memória, justiça e, acima de tudo, pela vida de todas as meninas e mulheres.
Perdão, Anna, por tudo que te aconteceu. Perdão por uma sociedade que falhou em te proteger, que normaliza a violência e ignora os gritos de socorro.
–
Estou no Instagram: @raissa.franca