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Saúde mental feminina: os desafios de reconhecer e validar necessidades emocionais

Foto: Imagem ilustrativa (GettyImages)

A busca por saúde mental entre as mulheres enfrenta desafios significativos, que vão desde limitações estruturais até barreiras culturais que dificultam o autocuidado e o reconhecimento das próprias necessidades emocionais.

Ao Eufêmea, psicólogas alertam para a importância de ampliar o acesso a serviços psicológicos e promover o diálogo como forma de combater o estigma e garantir suporte adequado.

Acesso a serviços de saúde mental

Foto: Cortesia ao Eufêmea

De acordo com a psicóloga clínica e terapeuta cognitivo-comportamental, Isabela Costa Malta Pinheiro, o principal desafio enfrentado pelas pessoas que buscam apoio emocional é a falta de acesso a serviços de saúde mental.

“As dificuldades de ordem financeira são os obstáculos mais comuns para a grande parte da população brasileira, especialmente aquelas que assumem de maneira solo o cuidado da casa e da família”, diz.

Ela acrescenta que “o segundo desafio, mas não menos importante, seria a dificuldade de reconhecer e validar as próprias necessidades emocionais. A cobrança social para ‘dar conta de tudo’ — carreira, família, vida social — muitas vezes as impede de encarar os próprios sofrimentos e necessidades. Pedir ajuda ainda é encarado como atestado de fraqueza ou incapacidade”, reforça.

De acordo com Isabela, outro obstáculo comum é a falta de tempo, já que frequentemente as mulheres priorizam o bem-estar dos outros antes do próprio. “Além disso, existe ainda o estigma em torno da saúde mental, que pode gerar resistência em buscar terapia ou mesmo em compartilhar suas vulnerabilidades”, destaca.

Sinais de alerta

Segundo Isabela, existem sinais claros que indicam a necessidade de buscar ajuda psicológica. Entre eles, a perda de interesse por atividades antes prazerosas, cansaço constante que não melhora com descanso, irritabilidade, sensação de sobrecarga, dificuldade de concentração, insônia ou sono excessivo, além de episódios de choro ou apatia.

Ela destacou ainda a sensação de vazio e a autoexigência extrema como fatores que devem ser observados. “É importante lembrar que ‘dar conta de tudo’ à custa da saúde emocional não é sustentável”, alertou.

Palestras, rodas de diálogo e atividades terapêuticas

Foto: Cortesia ao Eufêmea

Dessa forma, a saúde mental precisa ser discutida e promovida como parte essencial do bem-estar individual e coletivo. Wilzacler Rosa e Silva Pinheiro, psicóloga e assessora técnica da SUAP/SESAU, ressalta que a Secretaria de Saúde de Alagoas (SESAU) tem incentivado os serviços de saúde a desenvolverem ações voltadas tanto para servidores quanto para usuários.

Além de materiais informativos divulgados pelas redes sociais, estão sendo planejadas palestras, rodas de diálogo e atividades terapêuticas para ampliar o alcance dessas discussões.

“As pessoas podem acessar Unidades Básicas de Saúde (UBS) que sejam referenciadas pela presença de psicólogos e psiquiatras, além dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) que também estão disponíveis através de suas equipes multiprofissionais especializadas em saúde mental. Os Agentes Comunitários de Saúde podem identificar e também direcionar pessoas que necessitam dos atendimentos”, explica.

“Esforço conjunto”

Ela aponta que o diálogo é fundamental para combater o estigma associado à saúde mental. “A falta de diálogo perpetua a ideia de que quem busca ajuda psicológica é ‘fraco’ ou ‘louco’. Quando tratamos o tema de forma preventiva, mostramos que cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física”, explica.

Para Wilzacler, prevenir transtornos maiores também requer um esforço conjunto de diferentes espaços sociais.

“Escolas, empresas e comunidades podem contribuir ensinando, desde cedo, que as emoções devem ser reconhecidas e tratadas com cuidado. É fundamental criar espaços seguros onde as pessoas possam falar abertamente sobre suas dificuldades emocionais sem medo de julgamento”, pontua.

Dessa forma, o Eufêmea selecionou locais, em Maceió, onde é possível receber atendimento psicológico de forma gratuita. Confira:

Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Oferece acolhimento e acompanhamento psicológico para a comunidade acadêmica e externa. Mais informações através do instagram @‌servicodepsicologia.ufal, no email: spapsi@ip.ufal.br e também no telefone (82) 3214-1344

Clínica de Psicologia da UNIMA | AFYA – Centro Universitário de Maceió

O atendimento oferecido na Clínica de Psicologia acontece de forma contínua e para ser atendido o paciente precisa realizar a inscrição na lista de espera informando RG, CPF, Comprovante de Residência, escolaridade, data de nascimento, cidade, filiação e número para contato. Já para crianças, além das documentações anteriores é necessário informar também o CPF de um representante legal.

Contato: 3311-3139

Clínica de Psicologia do Centro Universitário Cesmac

Oferece plantão psicológico para crianças, adolescentes, adultos e idosos. O atendimento pode ser feito através de agendamento no e-mail: clinicaescola.psicologia@cesmac.edu.br

Centro de Promoção à Saúde, Educação e Amor à Vida (Cavida)

ONG que oferece atendimentos psicológicos, acompanhamento social e grupos de apoio. Atendimentos mediante agendamento na R. Marechal Mascarenhas de Moraes, 396 – Cruz das Almas, Maceió. Informações: (82) 99333-2375

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

Nos cinco Caps do município de Maceió, o acesso ao serviço é feito pela procura espontânea por cada centro. No local, os usuários são acolhidos e atendidos pela equipe multiprofissional. Há casos em que o usuário pode ser direcionado para outro ponto de atenção em saúde ou na rede hospitalar da capital alagoana.

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente 24 horas por dia pelo telefone 188.

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Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.