Nos últimos tempos, a saúde mental ultrapassou as fronteiras dos consultórios, congressos e simpósios, e chegou às rodas de conversa mais informais. Cuidar da mente tornou-se tão essencial quanto cuidar do corpo.
Aos poucos, estamos desmistificando a importância da psicoterapia e reconhecendo a necessidade do suporte psiquiátrico, quando necessário. E que bom! Todos ganhamos — e muito — com esses avanços.
Antes, o que era visto como padrão, esperado, hoje, pode ser questionado, como a forma de relacionar-se, por exemplo.
Temas como ansiedade, depressão e relacionamentos abusivos não precisam — e nunca precisaram — ser vividos em silêncio ou com vergonha. Hoje, mais do que nunca, sabemos: ninguém precisa enfrentar isso sozinha, ok?
Hoje, querida leitora, vim bater um papo com você sobre relacionamentos abusivos e manipulação psicológica — ou gaslighting. Pega seu café, seu vinho, sei lá, sua bebidinha preferida… e bora prosear.
Nós, seres humanos, buscamos conexão. Desejamos ser amados, aceitos. Muitas mulheres sonham em encontrar um amor verdadeiro, que as faça felizes. Um relacionamento que seja fonte de apoio, acolhimento, aceitação incondicional, afeto, respeito. Aquela relação onde você pode descansar no fim de um dia difícil.
Se todos nós somos seres complexos. Explico precisamos de muitas coisas, em especial emocionalmente Falando sério… Não poderia ser tão simples e intuitivo viver relacionamentos saudáveis. Até porque somos educados para muitas coisas — menos para nos relacionarmos de forma consciente e saudável.
Às vezes, o que parecia ser um relacionamento tranquilo e acolhedor, revela-se, com o tempo, uma fonte de sofrimento, controle, invalidação e violência. É aí que se instala o que chamamos de relacionamento abusivo.
E, mulher, não se engane: violência não é apenas aquela que deixa marcas visíveis no corpo. A violência pode ser tão sutil que faz com que você nem perceba que está vivendo isso — e ainda pense que “é só o jeito dele(a)”.
Aqui, não precisamos de gritos, de um tom de voz mais alto. Mas o gaslighting costuma ser marcado pela minimização dos sentimentos do outro – “Você faz tempestade em copo d’água”; inversão de culpa – “Falei aquilo pois você me tira do sério”; negação da realidade – “Você tá imaginando coisas”; mentiras, ameaças, críticas, humilhações, ciúmes, controle. Destruindo, dia a dia, a autoestima da mulher.
A manipulação costuma ser sutil e gradual,podendo alternar entre carinho e abuso, trazendo confusão mental pra vítima, ao ponto dela questionar a própria sanidade.
Vale lembrar que um relacionamento abusivo não é normal, saudável, muito menos amoroso. Mas sim, uma forma de violência e desrespeito que pode gerar danos irreparáveis a saúde mental e física da vítima. Buscar ajuda para sair dessa situação é essencial.
Mulheres, juntas somos mais fortes!! Mudar de rota não é nada fácil, mas estar numa relação abusiva também não. Busque ajuda profissional, e compreenda as relações em que você verdadeiramente pode ter apoio. Muitas ONGs apoiam mulheres nesse processo.
A psicoterapia pode transformar a forma como você se vê, logo, mudando a sua compreensão do que merece. Muito provavelmente, se você que me leu até aqui vive uma relação como essa, também já deve ter ouvido a clássica que abusadores dizem: “Ninguém vai te querer”, “Você não arrumará ninguém, por tal coisa”. E, como psicóloga, posso afirmar que isso diz muito mais sobre a insegurança deles do que sobre o seu valor. Buscar ajuda é sinal de esperança, força e coragem.
*Em colaboração com Huíla Cardoso, psicóloga clínica e Terapeuta do Esquema/ Suporte ao Luto
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