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“Eu vou é correndo”: como alagoana conquistou o TikTok e incentivou pessoas a se movimentarem

(Tempo de leitura: 6 minutos)

Se você é ativa no TikTok e consome conteúdo fitness, provavelmente já ouviu o bordão “eu vou é correndo”. A fala é da alagoana Raphaela Lins, de 28 anos, que vem ganhando destaque nas redes sociais ao falar sobre corrida de forma descontraída e acessível. Dentista de formação e criadora de conteúdo por vocação, Raphaela une saúde mental, estilo de vida e espiritualidade em vídeos que têm inspirado as pessoas a se movimentarem — nem que seja um passo de cada vez.

Em um vídeo com mais de meio milhão de visualizações, Raphaela Lins brinca que está com vontade de tomar uma Coca-Cola em Paripueira, Litoral Norte. Ao seu lado, uma amiga sugere pegar um carro, mas Rapha responde com seu já famoso bordão: “Que carro o quê, eu vou é correndo!”. A jornada começa de madrugada, no bairro da Pajuçara, em Maceió.

Saúde mental e corrida

Foto: Arquivo Pessoal

A relação com a atividade física começou na infância e, com o tempo, se transformou em uma ferramenta de superação emocional.

“Minha infância sempre foi muito ativa. Na escola, eu praticava vários esportes. Quando chegavam as Olimpíadas escolares, eu sempre me destacava, ganhava medalhas e prêmios”, relembra em entrevista ao Eufêmea.

Apesar da afinidade com o movimento, Raphaela conta que, em diferentes fases da vida, precisou interromper a prática esportiva. “Por problemas pessoais e questões de saúde mental, eu acabava parando. Era algo que me fazia sentir muito viva.”

A corrida entrou de forma definitiva em sua rotina a partir de 2023. “Voltei a correr, entrei novamente para uma assessoria esportiva e retomei os treinos. Isso transformou a minha vida em todas as áreas. Minha saúde mental melhorou muito… foi um pontapé decisivo para uma grande mudança.”

O digital e a descoberta de uma nova Rapha

Ela conta que a vontade de compartilhar a rotina surgiu junto com a familiaridade com o ambiente digital. “Sempre gostei muito de rede social, de fazer vídeos, de aparecer. Sempre fui meio tímida antes, mas hoje em dia não tenho mais isso.” Durante o período em que morou no exterior, trabalhou como social media, produzindo conteúdo para outras pessoas — experiência que contribuiu para sua retomada no universo digital.

Em setembro de 2023, Raphaela criou um novo perfil no Instagram para mostrar sua rotina de treinos. “Eu já estava treinando direitinho, tinha desenvolvido uma rotina de acordar muito cedo e fazer todas as minhas coisas: oração, esporte, tudo. Queria compartilhar isso com as pessoas, mas sem muita pretensão.”

O perfil cresceu e os vídeos começaram a viralizar, abrindo espaço para novos projetos e atraindo um público cada vez mais engajado. Para Raphaela, o impacto da corrida vai além dos ganhos físicos.

“Me ajuda não só na minha saúde física, mas também na minha saúde mental. Descobri uma nova Rapha ali dentro.”

Do primeiro vídeo viral ao sonho das maratonas

Foto: Arquivo Pessoal

Entre setembro de 2023 e janeiro deste ano, Raphaela viu seu perfil crescer rapidamente, com os vídeos alcançando cada vez mais pessoas no Instagram e no TikTok.

“Em janeiro deu esse pulo. Os vídeos começaram a ser entregues para muita gente. Foi o pontapé inicial do que é hoje”, conta.

A virada definitiva veio com o primeiro “Encontro Rapha Lins de Corrida”, realizado na orla de Maceió, onde cerca de 300 pessoas se reuniram para correr às seis da manhã de um domingo.

“Foi quando eu entendi que era muito maior do que eu imaginava. Não era só porque eu gostava de fazer ou pelo retorno financeiro. Era muito mais. As pessoas vinham falar comigo: ‘Rapha, você me ajudou, aquilo que você postou me transformou’. Isso é muito especial”, revela.

Com cinco meias-maratonas no currículo, Raphaela já planeja suas duas primeiras maratonas para 2025: no Rio de Janeiro e em Chicago.

“Correr 21 km era impossível para mim no ano passado. Eu corria só 5 km e já morrendo. Hoje estou indo para minha quinta meia-maratona. E agora, duas maratonas. A maior conquista é saber que eu consigo ir além.”

O nascimento do “eu vou é correndo”

Foto: Arquivo Pessoal

O estilo de vida ativa de Raphaela se intensificou durante o período em que viveu no exterior. Na época, ela estava em missão religiosa, dedicando-se intensamente à igreja.

“Passei cinco anos da minha vida me dedicando muito à missão na igreja. Inclusive, morei fora, nos Estados Unidos, por um ano”, conta.

Raphaela lembra que morava em uma cidade pequena e fazia todos os deslocamentos a pé. “Eram, no mínimo, quatro quilômetros por dia, às vezes caminhando, às vezes correndo. Quando voltei para Maceió, estranhei muito ter que pegar o carro para tudo.”

De volta ao Brasil, decidiu manter o hábito e passou a usar o carro com menos frequência. “Mesmo que nem sempre seja seguro, mesmo que nem sempre dê, comecei a tentar ir a pé para os lugares. E aí pensei: por que não compartilhar isso?”

Foi assim que surgiu o bordão “eu vou correndo”. Em vídeos simples, Raphaela mostra situações do dia a dia em que opta por se deslocar a pé ou correndo, como ao sair de uma revisão do carro.

A resposta do público foi imediata. Comentários como “Ela faz parecer tão fácil que até dá vontade de correr também”, “Que energia massa você tem! Já vou te acompanhar, também amo correr” e “Eu só queria ter metade da coragem dela” mostram o impacto que Raphaela tem causado em quem a acompanha.

“Acho que o mais legal desses meus vídeos é que eu consigo mostrar para elas que todo mundo pode fazer. Se não for correndo, dá para caminhar. Se não der para caminhar, dá para ir de bike. O importante é se movimentar de alguma forma”, comenta.

Com uma abordagem leve e acessível, Raphaela reforça que não se trata de performance, mas de escolha. “Dá para fazer de algum jeito. Não precisa ser todo dia, mas dá para começar”, diz.

Sonhos que nasceram na corrida

Para o futuro, os planos de Raphaela incluem parcerias com grandes marcas e o lançamento de um projeto próprio.

“Tenho grandes sonhos em relação à corrida e também com a produção de conteúdo. Quero trabalhar com isso de forma profissional.”

Raphaela relata que o esporte impactou todas as áreas da sua vida, da saúde mental às novas possibilidades profissionais.

“A corrida realmente transformou a minha vida, foi uma virada de chave. Mudou tanto o meu lado profissional — abriu muitas portas com a criação de conteúdo — como também fortaleceu a minha saúde mental. Me ajudou e ainda me ajuda muito. Sou muito mais feliz depois que corro”, afirma.

Foto de Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.