Estou no Instagram: @manumelo___ – Crédito da foto: Thay Baracho
Esse texto não parece, mas é sobre moda e estilo. É que a maioria das pessoas sempre associa a esse universo um monte de coisa rasa. Mas, na verdade, é muito profundo.
Em março do ano passado, eu perdi meu pai e minha mãe perdeu o esposo. Éramos nós três, com nossa logística, unidos pra tudo, especialmente durante um ano antes do seu falecimento, quando descobrimos, através de uns exames bobos de rotina, um câncer terminal, com algumas metástases.
O ano do tratamento eu nem vi passar direito. O tempo deu um salto, e tem coisa que minha mente esqueceu, acho que pra minha própria proteção. Mas, neste último ano, estou vivendo como se vendas fossem tiradas dos meus olhos. Estou me redescobrindo, em outros papéis, e por isso precisei largar coisas, oportunidades e pessoas por aí.
E estou conhecendo minha mãe, sem a sua função de ser minha mãe e sem ser a esposa do meu pai, ou seja, sem a interferência da convivência com ele. Tá fácil? Não (risos). Mas, dentre as muitas facetas, tenho ficado horas observando o meu estilo e o dela. Como mudamos! São muitas novas adaptações, espaços, funções na rotina.
Não me vejo mais usando quase nada do que usava antes. Não tenho mais um padrão de estilo, eu voltei a gostar de roupas. Não me visto mais para me encaixar numa imagem que quero transmitir. Eu me visto para mim.

Eu não estou preocupada se vou encontrar uma cliente no meio do supermercado com a roupa toda suada do treino que acabei de fazer, porque eu sou agora uma mulher que treina.
Saltos? Só tenho um, que uso pra ir a uma cafeteria e para ir a um casamento. Sim, o mesmo!
Alguns dias quero um decote tão profundo que vem bater na cintura. Outros dias, eu quero usar a bata do padre com 33 botões, me esconder e ser cheia de mistério. Dias em que sou neta de Miss Paripueira. Outros, sou uma clean girl estética gringa.
Mainha também mudou. Ela agora se arruma mais, passa batom até pra ir à padaria. Ela reencontrou a vaidade, faz skincare (mesmo sem precisar), pilates e toma whey protein.
As roupas? Cores! O luto não passa nunca, mas ela entendeu que as cores a fazem sentir viva. Ela chama atenção, é elogiada, e apesar de sempre estarem dizendo o quanto ela parece estar mais jovem, ela não usa maquiagem, não faz procedimentos e não quer preencher suas rugas, porque acha um charme.
O maior autocuidado dela é beber muita água, alimentação perfeita e protetor solar, claro!
A moda, que anda de mãos dadas com o estilo, nos cura todos os dias. Nos deixa mais bonitas, mais leves, mais felizes e nos faz renascer das cinzas como uma fênix deslumbrante.