Foto: Senado Federal
Na última terça-feira (13), a influenciadora e apresentadora Virgínia Fonseca compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, onde prestou depoimento sobre as publicidades que realizou para jogos de apostas online. Entre os temas que repercutiram nas redes após a CPI, o look da influenciadora foi um dos mais comentados.
Vestindo um moletom largo com estampa da filha, cabelos lisos soltos, maquiagem leve, óculos de grau e carregando uma garrafa rosa da marca Stanley (item popular entre adolescentes e jovens mulheres), Virgínia apareceu com um visual bem diferente daquele que costuma exibir nas redes sociais, onde desfila looks glamourosos, cabelos escovados com volume e maquiagem marcada. Mas afinal: foi proposital?
Para entender o impacto da escolha visual de Virgínia e o que ela comunica em ambientes institucionais, o Eufêmea ouviu duas especialistas em imagem e estilo: a estrategista Anne Costa, que analisou os elementos simbólicos do look, e a consultora Talita Moureira, que destacou como a vestimenta se transforma em discurso em espaços públicos.
“A imagem pessoal é uma ferramenta poderosa de comunicação não-verbal. Em ambientes formais, escolhas visuais que destoam das normas estabelecidas podem gerar interpretações variadas, influenciando diretamente a percepção do público e da mídia”, explica Anne.
Segundo a estrategista de imagem Anne Costa, cada elemento do look de Virgínia foi carregado de significado simbólico e contribuiu para construir uma narrativa visual estratégica. “O moletom com a estampa da filha reforça seu lado mãe e o vínculo emocional com a família, o que suaviza sua imagem pública diante de um contexto de questionamento”, afirma.

Anne também pontua que os óculos de grau, especialmente o modelo escolhido, passam uma ideia de intelectualidade e transparência, enquanto a escolha da garrafa rosa remete à jovialidade e à conexão com o público feminino jovem, que compõe a maior parte da base de seguidores da influenciadora.
Estratégia ou acaso?
Embora a equipe de Virgínia não tenha confirmado se houve uma estratégia deliberada de imagem, para a estrategista de imagem Anne Costa, nada ali parece ter sido por acaso.
“Nesse caso, foi um posicionamento totalmente estratégico, tudo pensado nos mínimos detalhes”, afirma.
Segundo ela, a escolha por um visual mais informal e afetivo parece seguir a própria identidade da influenciadora. Anne observa que essa apresentação pode ser vista como uma extensão da marca pessoal de Virgínia, que valoriza a autenticidade e a conexão direta com seu público.
“A decisão dela em se apresentar de maneira informal reforça essa autenticidade e a proximidade com sua audiência, especialmente num momento de exposição pública”, completa.
A roupa tem poder

Para a consultora de imagem e estilo Talita Moureira, o look escolhido por Virgínia Fonseca para a CPI das Bets não pode ser tratado como algo irrelevante. “A escolha da roupa, principalmente em ambientes formais e de exposição pública, comunica muito mais do que um estilo. Isso é fato. Traduz intenções”, afirma.
Ela classifica o look usado por Virgínia como um “discurso silencioso”, mas carregado de significado. “Ela é uma figura pública e usou um look totalmente informal. Isso, por si só, já foi bastante comunicativo. Não precisou dizer nada, o look falou antes”, analisa.
Talita também destaca que figuras públicas, como influenciadores, devem ter atenção redobrada à forma como se apresentam. “A roupa que você escolhe tem poder. Cada detalhe comunica: o corte, a cor, o tecido, o acessório. Isso não é besteira. É identidade, é posicionamento.”
“A gente escuta muito: ‘ah, mas é só uma roupa’, ou ‘é só maquiagem’, mas não é só. A imagem chega antes do boa tarde. A imagem fala por você”, acrescenta.
Segundo a especialista, a forma como nos vestimos impacta diretamente na autoconfiança, na forma como somos percebidos e no tipo de conexão que estabelecemos com o outro, seja no consultório de um profissional de saúde ou numa sessão pública da Câmara dos Deputados.
“O que a gente veste é a nossa identidade. Isso gera conexão. Dependendo de como você se apresenta, você passa autoridade, confiança e até credibilidade”, conclui.