Entre 2020 e 2024, mais de 60 mil pessoas foram vítimas de estupro no Nordeste, o que equivale a uma média de 38 casos por dia. Os dados fazem parte do Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Governo Federal, e mostram que, mesmo com o aumento contínuo das ocorrências, a estrutura de enfrentamento à violência sexual na região segue insuficiente: faltam delegacias especializadas, profissionais para acolhimento psicológico e presença feminina nos cargos de comando das forças de segurança.
A taxa por 100 mil habitantes também preocupa: o Nordeste apresenta índices acima da média nacional, com destaque para a Bahia, que atingiu a marca de 157,69 vítimas por 100 mil habitantes.

A Bahia lidera o número de vítimas de estupro na região Nordeste, somando 20.055 casos apenas entre janeiro e abril de 2024. Em seguida, aparecem Pernambuco (11.719 vítimas), Ceará (8.549), Maranhão (8.015) e Piauí (5.522). Alagoas também apresenta um dado expressivo, com 5.195 vítimas, ficando à frente de estados como Rio Grande do Norte (4.436) e Sergipe (3.508).
Poucas delegacias especializadas e atendimento ainda precário
Mesmo diante dos altos números, o Nordeste conta com apenas 113 unidades especializadas no atendimento à mulher em situação de violência. Dessas, 110 são delegacias, e só 2 são postos de atendimento. Apenas 24 unidades funcionam 24 horas por dia, e 28 não possuem atendimento em sala reservada, o que compromete o acolhimento adequado.

Outro dado que chama atenção é o número de profissionais capacitados para atendimento psicológico e social: em todo o Nordeste, apenas 7 psicólogas e 12 assistentes sociais atuam nas unidades especializadas. O efetivo geral é composto majoritariamente por agentes (586) e escrivães (216).
A presença de mulheres nas forças de segurança ainda é reduzida, apesar de leves avanços:

- Polícias Militares: crescimento de 5,28% no efetivo feminino
- Corpos de Bombeiros: crescimento de 4,27%
- Polícias Civis: crescimento de apenas 2,60%
- Órgãos de Perícia: redução de -10,56%
Em cargos de comando, a presença feminina teve crescimento de 9,84%, passando de 2.460 (em 2022) para 2.702 (em 2023). O Rio Grande do Norte é o estado com o maior incremento do efetivo feminino (18,16%), seguido por Piauí (17,42%) e Sergipe (10,91%).