Você já sentiu aquele desconforto e ficou pensando: “Será que esse corrimento é normal… ou tem algo errado comigo?” Calma, você não está sozinha. Essa dúvida é super comum entre mulheres. O corrimento vaginal é parte natural do funcionamento do corpo, mas algumas alterações podem, sim, indicar que algo não está bem. Nem toda secreção é sinal de doença, mas quando há mudança na cor, no cheiro ou surgem sintomas como coceira e dor, é importante ficar atenta.
Quando o corrimento é um sinal de alerta?
A infectologista Clécia Nunes Bezerra Barboza explicou à Eufêmea que o corrimento vaginal pode, sim, estar relacionado a infecções sexualmente transmissíveis. “É importante ficar atenta a qualquer alteração na cor, no cheiro, na quantidade ou na consistência do corrimento, pois esses podem ser sinais de que algo não está certo”, alerta a especialista.

Segundo ela, entre as ISTs mais comuns que causam corrimento estão tricomoníase, clamídia e gonorreia. Essas infecções costumam provocar secreção espumosa, amarelada ou esverdeada, além de sintomas como coceira e ardência ao urinar.
Nem todo corrimento precisa ser motivo de pânico imediato. Mas sinais como odor forte, mudança repentina na aparência, coceira intensa ou dor durante as relações sexuais indicam a necessidade de procurar um profissional. “Se o corrimento atípico não melhora em poucos dias ou piora, é fundamental buscar orientação médica”, reforça Clécia.
Exame não é exagero: é cuidado com você
Descobrir o que está causando o corrimento não é questão de adivinhar, é de diagnosticar. E, para isso, exames laboratoriais são indispensáveis. A infectologista explica que os principais são a microscopia direta, a cultura da secreção vaginal, testes moleculares como o PCR e o conhecido exame Papanicolau. Todos eles ajudam a identificar o problema e indicar o tratamento correto, que nunca deve ser iniciado por conta própria.
“Usar antibiótico sem saber a causa da infecção não só não resolve o problema como pode piorar a situação”, alerta a médica.
Isso porque, além de não funcionar contra infecções por fungos ou desequilíbrios da flora vaginal, o uso errado de antibióticos pode esconder sintomas importantes e até favorecer o surgimento de bactérias resistentes. Segundo Clécia, o medo ou o constrangimento fazem muitas mulheres ignorarem sinais importantes e isso pode trazer consequências sérias para a saúde a longo prazo.
Quando o corrimento é só o seu corpo funcionando bem

Se, por um lado, reconhecer os sinais de alerta é importante, por outro, também é essencial entender que o corrimento pode ser apenas o seu corpo trabalhando normalmente.
A ginecologista e obstetra Grace Monteiro explica que secreções naturais fazem parte da lubrificação e limpeza da região íntima. “A mulher normalmente já tem uma lubrificação, que serve inclusive para limpeza. Então, um corrimento sem cor, sem cheiro, sem arder, ele é fisiológico”, afirma.
Durante o ciclo menstrual, essa secreção pode variar na textura e na quantidade, e isso também é normal. O que não deve mudar é o cheiro. “Corrimento com odor é sinal de que há bactéria envolvida. É infecção”, alerta a médica.
Grace explica que o muco pode ser mais espesso ou mais fluido dependendo da fase do ciclo, mas cheiro forte deve sempre acender um alerta. Entre as causas mais comuns de corrimento alterado, ela cita a vaginose bacteriana — que costuma ter cheiro forte e secreção acinzentada ou esverdeada — e a candidíase, caracterizada por um corrimento branco, espesso e coceira intensa. Mesmo assim, ela reforça: só o médico pode confirmar o diagnóstico.
“Se o corrimento for tipo ‘água de rocha’, com presença de sangue, também precisa ser examinado”, alerta.
Pequenos cuidados fazem diferença
Além do acompanhamento com um profissional, alguns hábitos diários ajudam a prevenir infecções vaginais. “Usar calcinha de algodão, evitar ficar com peças íntimas ou biquíni molhados por muito tempo, não fazer duchas vaginais e evitar passar o dia todo com roupa de academia” são orientações básicas destacadas por Grace.
Ela também recomenda o uso de sabonetes com pH adequado à região íntima e roupas mais confortáveis, que permitam a respiração da pele.