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E se você se surpreender? A beleza de se abrir para novas possibilidades

“Eu odeio lugares frios.”
“Neve, só na TV, por favor.”

Essas eram frases que eu dizia com muita certeza — quase como verdades absolutas. Nascida em Cuiabá, no Mato Grosso, sempre fui sensível ao frio e, por muito tempo, acreditei que qualquer viagem para um destino gelado seria uma experiência ruim, desconfortável e, no máximo, tolerável.

Mas, recentemente, fiz algo diferente: eu topei. Me permiti sair do meu padrão inflexível e abraçar uma nova experiência com o coração aberto.

Fomos para o Chile, minha família e eu. Meu marido, apaixonado por neve e esqui, sonhava em viver essa aventura com as crianças. Eu confesso: aceitei mais por eles do que por mim. Estava certa de que seria difícil, frio demais, desconfortável. Mas algo em mim — talvez o meu Adulto Saudável — me convidou a tentar, sem resistir tanto.

E foi mágico.

Quando quebrar um padrão nos liberta

Segundo a Terapia do Esquema, criamos, ao longo da vida, modos de funcionamento rígidos que, muitas vezes, são respostas protetoras a experiências difíceis ou feridas emocionais antigas. No meu caso, padrões como o Negativismo/Pessimismo, o Padrão Inflexível e a Vulnerabilidade ao Dano e à Doença falavam alto:

“Vai ser ruim.” “Vai dar errado.” “Você não vai aguentar.”

Mas, ao dizer sim — mesmo com medo —, algo mudou.

Meu marido foi extremamente cuidadoso e paciente. Pensou em todos os detalhes, garantiu que estivéssemos bem equipados e protegidos. E lá estávamos nós: entre montanhas nevadas, em paz, acolhidos, até sentindo calor em alguns momentos, por estarmos tão bem agasalhados.

E o que era para ser uma tortura virou um dos momentos mais lindos da nossa história em família.

Me vi criança de novo, brincando, aprendendo a esquiar com um brilho no olhar que fazia tempo que não sentia. Meu modo Criança Feliz pôde existir ali, ao lado dos meus filhos e de um parceiro que me enxergou e me apoiou. E meu Adulto Saudável pôde conduzir essa experiência com coragem e abertura, sem deixar que os esquemas antigos roubassem a oportunidade de algo novo e verdadeiro.

Abrir-se é uma forma de cura

Muitas vezes, nos agarramos a crenças rígidas sobre nós mesmos: sobre o que gostamos, o que somos capazes, o que dá ou não certo. Mas o que acontece quando ousamos desafiar esses limites? Quando trocamos o “não gosto” por um “e se…?”

É aí que nasce o novo.
É aí que reencontramos partes de nós que estavam escondidas — ou que nunca haviam tido chance de florescer.

Confiar no outro, confiar em si e permitir-se viver fora da zona de conforto pode ser uma forma de reparação emocional. Uma chance de construir memórias diferentes, com mais leveza, alegria e segurança.

E você?

Quais certezas você tem repetido que talvez mereçam ser revisitadas? Quais oportunidades você tem perdido por acreditar demais nos seus esquemas?

Talvez, ao abrir uma fresta, você também se surpreenda. Talvez, o que você achava que iria odiar… se torne inesquecível.

Foto de Natasha Taques

Natasha Taques

Psicóloga clínica (CRP-15/6536), formada em Terapia do Esquema pelo Instituto de Educação e Reabilitação Emocional (INSERE), Formação em Terapia do Esquema para casal pelo Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC).
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