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O que toda mãe precisa saber sobre uso de medicamentos durante a amamentação

Cuidar da própria saúde enquanto amamenta ainda é um dilema para muitas mães. O medo de que um remédio prescrito afete a segurança do bebê provoca insegurança e, muitas vezes, sofrimento. Como equilibrar o tratamento necessário à mãe com a proteção da criança sem abrir mão de nenhum dos dois?

Especialistas ouvidas pela Eufêmea garantem: na maioria dos casos, é possível conciliar as duas coisas. O segredo está na avaliação cuidadosa da compatibilidade dos medicamentos, na possibilidade de ajustes de dose ou horário e, quando necessário, na substituição por alternativas seguras.

O acompanhamento de profissionais que conheçam as diretrizes mais atuais e defendam o aleitamento é fundamental para que a mãe se trate sem deixar de nutrir o bebê com segurança.

Orientação começa no pré-natal

Foto: Cortesia à Eufêmea

A pediatra e defensora da amamentação Mirna Costa reforça que o tema deve ser discutido antes mesmo do nascimento. “Se a mãe já faz uso de alguma medicação, ou se precisará iniciar após o parto, isso deve ser conversado no pré-natal pediátrico”, explica.

Mirna lembra que a atenção vai além dos remédios de tarja: chás, cosméticos e até alisantes capilares podem ter efeito sistêmico e impactar a amamentação. “Sempre é importante confirmar, em fontes seguras, se a substância é compatível com o aleitamento e informar aos profissionais de saúde que está amamentando”, alerta.

Para ela, contar com médicos que defendam a amamentação faz toda a diferença. “Esses profissionais buscam alternativas de tratamento compatíveis. Quando não há necessidade real de interromper, a mãe percebe que o mais importante é se tratar, porque o bem-estar dela reflete diretamente na saúde do bebê”.

Fontes confiáveis e riscos reais

Mirna indica duas fontes essenciais para consulta: o Guia do Ministério da Saúde, que classifica os medicamentos em verde (compatíveis), amarelo (usar com cautela) e vermelho (contraindicados), e o site E-Lactancia, disponível em inglês e espanhol, que permite verificar compatibilidade pelo nome da substância, além de sugerir substitutos mais seguros.

Segundo a pediatra, embora existam remédios de fato arriscados — especialmente os que atuam no sistema nervoso central —, a lista é pequena. “Muitas mães acreditam que não podem usar anti-inflamatórios ou antibióticos, mas vários são compatíveis. Até alguns antipsicóticos são permitidos”, explica. A avaliação individualizada, portanto, é indispensável.

Como o medicamento chega ao leite materno

A ginecologista e obstetra Beatriz Macário lembra que o leite materno é produzido a partir do plasma da mãe. Isso significa que qualquer substância no sangue pode, em maior ou menor grau, passar para o bebê.

Foto: Cortesia à Eufêmea

“Doses mais altas circulam em maior quantidade no sangue, e medicamentos com meia-vida longa prolongam a exposição no leite”, afirma.

Beatriz recomenda evitar ou substituir substâncias como o lítio — tóxico para o sistema nervoso e os rins dos bebês — e o diazepam, que pode causar sedação e depressão respiratória.

Ainda assim, a médica reforça que a maioria dos remédios usados no puerpério é segura. “Sempre buscamos opções compatíveis com a amamentação. E quando não é possível, lembramos às mães que o vínculo com o bebê vai muito além do aleitamento: colo, carinho e amor também constroem essa relação”, acrescenta.

Dúvidas comuns e ajustes possíveis

Foto: Cortesia à Eufêmea

A enfermeira neonatologista Luciana de Oliveira Albuquerque, da Semente Alagoas, acompanha mães diariamente nesse processo. Para ela, as dúvidas se repetem: medo de prejudicar o bebê, receio de precisar interromper o aleitamento, insegurança sobre o melhor horário para amamentar após tomar o remédio e preocupação com a produção de leite.

Em muitos casos, explica, é possível reduzir a exposição do bebê ao medicamento ajustando o horário das mamadas ou a via de administração. “A amamentação pode ser mantida em segurança quando o remédio é compatível, tem baixa absorção pelo bebê ou meia-vida curta, permitindo ajustes de horário”, afirma.

Mas ela alerta: é essencial observar sinais de alerta na criança. “Se houver sonolência excessiva, irritabilidade, alteração no padrão das mamadas, vômitos ou erupções na pele, é hora de buscar avaliação médica imediata”, recomenda.

Foto de Rebecca Moura

Rebecca Moura

Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.
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