Colabore com o Eufemea
Advertisement

Já ouvi mulheres brilhantes dizerem: ‘Sou uma fraude’. E talvez você também já tenha pensado isso.

Esses dias, escutei de uma mulher: “Eu me sinto uma fraude.” Quem me disse isso não foi apenas uma mulher, mas uma profissional que eu acredito e vejo muito potencial. Só que, junto desse potencial, percebo também uma crença muito forte: a de que, de alguma forma, ela não merece o que conquistou. Como se ela não fosse a profissional capaz que todos à sua volta enxergam. Como se suas vitórias fossem fruto do acaso, e não do esforço, do estudo e da competência que ela tem de sobra.

Esse conflito interno tem nome: fenômeno da impostora. Ele acontece quando a realidade e a percepção não se encontram. A realidade mostra resultados, entregas, capacidade. Mas a percepção distorcida, alimentada por anos de cobranças e comparações, insiste em dizer que nada disso é suficiente.

Não escutei apenas isso dela… eu já escutei de outras mulheres. Eu já me senti assim: uma fraude. “Uma hora serei descoberta”, já pensei. Não é difícil entender por quê. Vivemos em uma sociedade que, desde cedo, ensina os homens a confiarem em si mesmos, mesmo sem preparo, e ensina as mulheres que precisam provar duas, três, quatro vezes mais para serem reconhecidas. O resultado é que eles arriscam com segurança, enquanto nós duvidamos até do que já conquistamos.

Do ponto de vista psicológico, essa sensação é devastadora: mina a autoestima, sabota oportunidades, silencia vozes. E, do ponto de vista da comunicação, ela é ainda mais cruel. Porque quando uma mulher deixa de contar sua história por achar que não é válida, ela não apenas se cala: ela perde a chance de inspirar outras mulheres.

Por isso é tão importante lembrar: não é você que é uma fraude. A fraude é o sistema que, historicamente, ensinou mulheres a duvidarem de si mesmas. A sua trajetória, com todos os tropeços e conquistas, é legítima. Nenhuma história deveria ser comparada: você tem o seu jardim, com o tempo certo de florescer. As outras pessoas têm o delas.

Algumas pessoas tiveram histórias diferentes, que permitiram que elas “avançassem” mais rápido e tivessem um jardim florescendo antes do seu. Mas isso não diminui a beleza do que você está cultivando. Cada jardim tem seu próprio tempo e o seu também vai florescer.

Estou no Instagram: @raissa.franca

Foto de Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.
plugins premium WordPress