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Apoiar mulheres virou um discurso bonito, mas você realmente pratica o que diz?

Você diz que apoia mulheres, mas sua equipe é formada majoritariamente por homens. Você diz que incentiva o empreendedorismo feminino nordestino, mas quando precisa fechar um negócio, fecha com uma empresa de São Paulo, do Rio de Janeiro ou de Brasília. A alegação é sempre a mesma: que não temos profissionais bem capacitados aqui. Você diz que luta contra a violência de gênero, mas não apoia as organizações criadas para isso.

Este texto não é para apontar dedos nem caçar culpados, mas para provocar uma reflexão escrita por quem está do lado de cá, o lado de quem empreende sendo uma mulher negra em Alagoas.

Recentemente, conversando com uma empresária daqui, ela me contou que recebeu um convite para ir embora para São Paulo e que iria. “Aqui já deu, não há valorização”, disse. Fiquei triste, mas entendi o que ela queria dizer. Muitas vezes, a gente se sente invisível na própria terra. Ela completou: “Talvez me valorizem quando eu for embora daqui.”

Quantas ideias, projetos e sonhos o Nordeste ainda vai perder por falta de reconhecimento? Quantas mulheres ainda vão precisar ir embora para que, só então, enxerguem o valor que sempre esteve aqui? Por que parece que o que vem de fora é melhor e precisa ser mais caro?

Hoje, conversando com outra empresária que está com um projeto incrível, ela me desabafou: “Eu já corri atrás de tanta gente, mas só levei porta na cara… Eu já chorei muito.” Empreender por aqui é, muitas vezes, um exercício de resistência emocional. É ouvir que seu trabalho é bom, mas “ainda não é o momento”, enquanto outros, de fora, recebem as oportunidades que deveriam estar nas nossas mãos.

É fácil levantar bandeira quando o assunto está em alta. Falar de apoio às mulheres, de igualdade, de combate à violência de gênero. Difícil é transformar o discurso em prática. É investir nas empresas criadas por mulheres, apoiar as organizações que transformam dificuldades em ação concreta.

Apoiar é verbo, não discurso bonito de campanha. É escolher contratar uma mulher nordestina, uma empresa daqui, um projeto que nasceu no calor e na coragem. Enquanto a gente continuar aplaudindo o discurso e ignorando a prática, nada muda. Apoiar de verdade é colocar o dinheiro, o tempo e a confiança onde a boca diz que acredita.

A Eufêmea é feita por mulheres nordestinas que acreditam em outras mulheres. Apoie, compartilhe, fortaleça.

Foto de Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.
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