É impossível não se comover com a história de Juliana Marins. Eu acredito que, assim como eu, você também torceu para que ela fosse encontrada a tempo, com vida, de volta aos sonhos que cabiam na mochila. Uma jovem de 26 anos, publicitária, fotógrafa, artista, dançarina, viajante. Uma mulher que, como tantas outras, carregava no coração o desejo de ver o mundo com os próprios olhos. E quem de nós não carrega um pouco de Juliana dentro de si?
Juliana começou seu mochilão pela Ásia em fevereiro. Pelas redes, dividia encantos e perrengues de quem decide improvisar caminhos. “Há 36 dias saí do Brasil sozinha para viver esse mochilão. Estou vivendo devagar e sem muitos planos, improvisando e deixando a vida acontecer”, escreveu em março.
Uma das coisas que mais amo fazer é viajar. E quando decidimos viajar, não pensamos no que pode dar errado. Não porque somos inconsequentes, mas porque a coragem fala mais alto que o medo. A estrada é, antes de tudo, um ato de confiança: no mundo, em nós mesmas, na sorte de voltar. Mas nem todo mundo volta e eu não tenho como te explicar nesse texto por qual motivo algumas jornadas são mais curtas do que outras.
Quando uma vida se interrompe tão cedo, a gente tenta dar uma explicação rápida. “Ela não deveria ter ido”. Eu tenho certeza que muitas pessoas pensaram isso… Mas a verdade é que a morte não tem roteiro. Não dá para prever nada, nem o próximo segundo. A ideia de controle é só uma forma de enganar a nós mesmas e acreditar que conseguimos planejar tudo.
Juliana não morreu porque não se planejou ou foi imprudente. Ela sofreu um acidente, caiu… mas, o que houve depois com ela não pode ser considerado “apenas um acidente”. Ela ficou sozinha e aguardando um resgate que demorou. Eu sinto muito, Juliana, que não tenha dado tempo de você voltar…
Agora, Juliana se foi e sua história será lembrada por todos nós, mas sobretudo por todas nós, mulheres que seguimos desbravando o mundo, mesmo sabendo que ele nem sempre está pronto para nos proteger.
Mas de uma coisa eu tenho certeza: Juliana, com seus 26 anos, viveu. Ela não adiou sonho, não guardou vontade na gaveta…
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