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Implanon no SUS? Especialistas explicam o que muda na sua vida com o novo contraceptivo gratuito

No dia 8 de julho, o Ministério da Saúde anunciou uma novidade muito importante: o Implanon, um dos métodos contraceptivos mais modernos e eficazes que existem, vai passar a ser oferecido de graça pelo SUS.

Até então, só dava pra colocar o Implanon em clínicas particulares (e por um preço bem salgado). Mas agora, a ideia é que ele fique acessível para meninas e mulheres em todo o Brasil. E, claro, a gente foi atrás de especialistas para te contar direitinho como ele funciona e por que essa mudança é um passo enorme para a saúde pública.

Como funciona o Implanon? A gente te explica!

O Implanon é um implante hormonal — um tubinho bem pequeno que libera, todos os dias, uma dose de etonogestrel, um hormônio parecido com a progesterona. Ele é colocado embaixo da pele (na parte interna do braço, geralmente), e age bloqueando a ovulação.

“Esse hormônio age diretamente nos ovários, bloqueando a ovulação, alterando o muco do colo do útero e impedindo que os espermatozoides cheguem até lá”, explica a enfermeira ginecologista e obstetra Hillary Gabriela.

Foto: Hillary Gabriela

A aplicação do Implanon é bem tranquila e rápida, segundo Hillary. “É feita no consultório, com anestesia local. A paciente nem sente dor”, afirma. E o melhor: ele tem validade de até três anos.

Além da praticidade, o Implanon também é mega seguro. A taxa de eficácia do Implanon é de 99,9%. “A grande vantagem é a liberação contínua e diária do hormônio, o que evita esquecimentos ou interações com outros medicamentos”, completa a enfermeira.

Ah, e tem mais um detalhe importante: o Implanon faz parte da categoria LARC (em inglês, Long Acting Reversible Contraceptives), que são os métodos de longa duração e reversíveis. Eles são considerados alguns dos mais confiáveis quando o assunto é planejamento reprodutivo, justamente porque não dependem do uso certinho da pessoa todos os dias — tipo a pílula, por exemplo.

Efeitos colaterais e mitos sobre o Implanon: o que você precisa saber

Embora seja considerado um método contraceptivo moderno e de aplicação simples, o Implanon pode apresentar alguns efeitos colaterais, como acontece com qualquer método hormonal. Entre os sintomas mais comuns estão mastalgia (dor nos seios), cefaleia, alterações no padrão menstrual, oscilações de humor, acne e queda de cabelo, segundo a especialista em planejamento reprodutivo Bruna Vieira.

De acordo com a profissional, o dispositivo, em geral, não apresenta grandes riscos à saúde. No entanto, caso a usuária identifique algum desses sinais durante o uso, é fundamental procurar acompanhamento médico. “Costumo dizer que o Implanon é um método de paciência. Temos, em média, de seis meses a um ano para avaliarmos a adaptação da paciente ao método”, explica.

Bruna também chama atenção para os mitos que ainda cercam o uso do Implanon. Informações falsas, como a ideia de que o método é abortivo, de que pode causar infertilidade após a retirada, provocar ganho de peso ou que a suspensão da menstruação representa risco à saúde, não têm respaldo científico.

Durante o uso, a ovulação é bloqueada, o que pode causar alterações no ciclo menstrual e reduzir o fluxo. Após a remoção do implante, é esperado que tanto a menstruação quanto a fertilidade retornem ao padrão anterior no ciclo seguinte.

A enfermeira ginecologista e obstetra Hillary Gabriela destaca que o Implanon é considerado mais seguro do que procedimentos cirúrgicos, como laqueadura e vasectomia. Com o acompanhamento profissional adequado, o método oferece segurança e efetividade para que mulheres possam exercer o direito ao planejamento reprodutivo de forma consciente.

Como qualquer contraceptivo, o Implanon possui contraindicações. Mulheres com câncer de mama, doenças hepáticas graves, histórico de trombose, sangramentos vaginais sem causa definida ou alergia ao etonogestrel (ou a qualquer componente da fórmula) não devem utilizar o método.

Alto custo ainda é barreira para acesso ao Implanon

Foto: Bruna Vieira

Apesar de existir há quase duas décadas, o Implanon só se popularizou entre as mulheres nos últimos sete anos, após passar por uma modernização que o tornou menor e mais compacto. Ainda assim, o acesso ao método sempre foi limitado, já que sua oferta estava restrita à rede privada devido ao alto custo.

De acordo com a especialista Bruna Vieira, o valor para a colocação do implante varia entre clínicas, mas pode custar de R$ 1.500 a R$ 4.000, tornando-o inacessível para mulheres em situação de vulnerabilidade ou com baixa renda.

Com a recente decisão do Ministério da Saúde de incorporar o Implanon ao Sistema Único de Saúde (SUS), a expectativa é de que esse cenário mude. “Planejamento reprodutivo e sexual é importante, é constitucional e salva vidas”, afirma a ginecologista.

Disponibilização do Implanon pelo SUS representa avanço

No dia 8 de julho, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão do Implanon entre os métodos contraceptivos que serão oferecidos gratuitamente pelo SUS. A previsão é de que 1,8 milhão de dispositivos sejam distribuídos até 2026 — 500 mil deles ainda em 2025.

A partir da publicação da portaria que oficializa a incorporação, o governo tem 180 dias para definir diretrizes clínicas, logística de aquisição e distribuição, além de capacitar os profissionais de saúde que irão realizar o procedimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Segundo a ginecologista Karine Lucena, o método deve ser disponibilizado para mulheres e adolescentes a partir dos 14 anos. “O tempo para implementação gira em torno de seis meses, mas é um passo importante”, ressalta.

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