No último sábado (2), fizemos a cobertura do evento Fala, Bolacheira!, realizado no bairro do Jaraguá, em Maceió. Um evento cultural, político e afetivo que celebrou a existência, os corpos e as vozes das mulheres lésbicas alagoanas. Publicamos vídeos do evento em nossas redes sociais, incluindo o TikTok e o Instagram, como forma de ampliar essa visibilidade.
No entanto, no TikTok, o conteúdo recebeu uma série de comentários lesbofóbicos, entre eles, frases como: “Sai fora, vai pedir perdão a Deus” e “Mulheres que não têm o que fazer, cuidar de uma casa, marido e filhos, e não correr atrás umas das outras.”
Comentários como esses não apenas expõem o preconceito ainda enraizado na sociedade, mas reafirmam a importância de espaços como o Fala, Bolacheira! — e da visibilidade que ele propõe. O preconceito grita, mas nós gritamos mais alto. E a nossa proposta é justamente essa: calar a boca desses criminosos que usam as redes sociais para espalhar ódio.
A internet não pode continuar sendo território livre para a violência contra mulheres lésbicas. Quando eles tentam nos intimidar com preconceito, a gente responde com mais visibilidade, mais conteúdo, mais voz.
Eu não sou uma mulher lésbica, mas não é porque eu não sou que não devo trazer essa luta para mim. A lesbofobia é uma forma de violência contra mulheres, e enquanto ela existir, todas nós temos o dever de reagir, de visibilizar, de estar ao lado de quem sofre isso.
Estamos no mês de luta e afirmação das mulheres lésbicas, e é importante reafirmar: a pauta LGBTQIAPN+ é uma das bandeiras que a Eufêmea defende. E vamos continuar falando trazendo mais conteúdos para informar, educar e transformar. AH, e denunciando quem precisa ser denunciado…
Nosso trabalho é feito por mulheres e para mulheres. E isso inclui todas nós — lésbicas, bissexuais, trans, cis, negras, periféricas, com deficiência, mães solo ou não. A Eufêmea existe para que nenhuma mulher precise pedir permissão para ocupar espaço. Para que nenhuma mulher precise escolher entre viver quem é e ser respeitada.
O evento Fala, Bolacheira! foi lindo, emocionante, uma verdadeira ocupação de mulheres em um espaço que, historicamente, tentou silenciar mulheres que amam mulheres. Um encontro de afetos, de corpos livres, de vozes que não pedem mais licença. Foi riso, foi lágrima, foi arte, foi política. Foi resistência em forma de festa. Fiquei profundamente feliz de ver aquele evento acontecendo e idealizado por duas mulheres que representam o amor.
E ver tudo isso sendo atacado por comentários lesbofóbicos só reforça o quanto essa luta ainda precisa ser feita todos os dias. E nós, enquanto agência de jornalismo voltada para o conteúdo feminino, não vamos permitir que mulheres lésbicas sejam colocadas à margem, silenciadas ou ridicularizadas.
Elas fazem parte da nossa história, da nossa luta e do nosso futuro. E enquanto houver preconceito, invisibilização ou ódio, estaremos aqui do lado de quem resiste, de quem ama e de quem transforma.
E só para reforçar: Lesbofobia é crime. Não é “opinião”, não é “brincadeira”, não é “frescura”. É uma forma de violência que fere, exclui e tenta apagar a existência de mulheres que amam outras mulheres.
Que sigamos fazendo barulho e abrindo caminhos. Continuaremos produzindo campanhas, vídeos, reportagens, o que for preciso, sobre essa pauta e tantas outras que atravessam a vida das mulheres. Porque informar também é resistir.