Colabore com o Eufemea
Advertisement

Mulher, se eu pudesse te dar só uma dica, seria essa: faça um boletim de ocorrência

Quantas vezes você já ouviu ou viveu uma situação de violência, ameaça, assédio ou importunação e a primeira reação foi o silêncio? O medo, a vergonha e até a descrença na Justiça ainda são barreiras para que mulheres procurem ajuda. Se eu pudesse deixar uma dica para você seria essa: faça um boletim de ocorrência. Vou te explicar por qual motivo…

Fazer um BO não é “drama” nem “exagero”. É uma prova, um documento, um passo essencial para que qualquer caso seja investigado e para que medidas protetivas, como as previstas na Lei Maria da Penha, sejam concedidas.

Do ponto de vista jornalístico, o boletim de ocorrência também é fundamental. Ele dá respaldo para que veículos de comunicação possam noticiar o caso de forma segura, evitando riscos jurídicos e garantindo que a informação tenha base oficial.

Sem o registro, muitos relatos acabam não podendo ser publicados e histórias importantes deixam de ganhar visibilidade e de pressionar por justiça. O BO é, portanto, um instrumento que protege não apenas a vítima, mas também o direito de informar e de registrar a verdade dos fatos.

Entendo que ir a uma delegacia, reviver a violência e se expor a perguntas dolorosas não é simples. Mas, sem o registro, o agressor segue sem ser formalmente responsabilizado. É o boletim que cria um rastro jurídico para que ele não possa dizer que “nunca aconteceu”.

E se a sua cidade tiver uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), procure esse espaço. Caso não tenha, qualquer delegacia é obrigada a receber sua denúncia. Hoje, em muitos estados, é possível inclusive registrar o BO de forma online, para dar agilidade e reduzir a exposição.

Fazer um BO não resolve tudo, eu sei. O sistema ainda falha, e muito. Mas é uma ferramenta que temos e que não podemos deixar de usar. É o seu direito e é também um ato de proteção.

Essa é a dica que trago para você que está vivendo ou já viveu uma situação de violência: não silencie a sua história. O boletim de ocorrência é um passo que pode proteger você hoje e impedir que outras mulheres passem pelo mesmo amanhã.

Foto de Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.
plugins premium WordPress