Crédito da foto: UFAL
A sacerdotisa Mirian Araújo Souza Melo, conhecida como Mãe Mirian Yá Binan, de 91 anos, recebeu mensagens com ameaças de morte em seu celular nessa terça-feira (2). O caso foi encaminhado à Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis Yalorixá Tia Marcelina. Recentemente, a mais antiga sacerdotisa das religiões de matriz africana em Alagoas recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal.
A Coordenadoria de Direitos Humanos do Tribunal de Justiça de Alagoas informou que enviou um ofício à delegada Rebecca Cordeiro solicitando a abertura de inquérito policial para apurar possíveis crimes de ódio, intolerância religiosa e ameaça.
Mãe Mirian é reconhecida como uma das principais lideranças das religiões de matriz africana em Alagoas e guardiã de saberes ancestrais. Em nota, a Ufal repudiou as ameaças e prestou solidariedade à ialorixá. “Não é possível silenciar nem naturalizar a persistência do ódio religioso, do racismo estrutural e da barbárie contra corpos e espiritualidades negras neste país”, diz o texto.
A instituição destacou ainda que o ataque contra Mãe Mirian representa mais do que violência individual. “É a repetição de um projeto genocida e epistemicida que insiste em tentar eliminar o que resiste, floresce e ilumina há séculos.”
A universidade relembrou que há sete dias concedeu o título de Doutora Honoris Causa à ialorixá, como gesto de reparação histórica. “O terreiro é também escola de muitas pessoas que ali acorrem e Mãe Mírian é, com todo mérito, além de mãe biológica, mãe de santo, mulher nordestina aguerrida, Doutora de um Brasil profundo que se nega a morrer”, pontua a nota.
