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Maceió recebe o 40º Campeonato Brasileiro Master de Basquete sob liderança feminina inédita

A capital alagoana será palco de um momento histórico para o esporte nacional. Entre os dias 14 e 22 de novembro, Maceió sediará o 40º Campeonato Brasileiro Master de Basquetebol, competição que promete reunir cerca de dois mil atletas de todo o país em nove dias de jogos intensos. Mais do que a grandiosidade do evento, a edição chama atenção pelo protagonismo feminino na comissão organizadora, composta integralmente por cinco mulheres.

“Ter essa representatividade feminina em um esporte predominantemente dominado por homens é crucial. Mostra o poder do basquete feminino em Alagoas e no Nordeste”, afirma Paula Isanelle, presidente da Associação Master Alagoana de Basquete (Amab) e líder da comissão.

A conquista de trazer o Brasileiro para Maceió

O caminho para garantir Maceió como sede começou ainda em 2024, quando a Amab lançou candidatura durante o campeonato realizado em Caxias do Sul. A vitória veio de forma incontestável: “Ganhamos por unanimidade. Todos os presidentes das associações votaram a favor de Maceió”, lembra Paula.

Foto: Arquivo pessoal

Com isso, Alagoas volta a receber a competição após oito anos. A última edição no estado foi em 2017. Desta vez, o desafio é maior: expectativa recorde de participantes, estrutura em dez ginásios, assembleias, treinamentos de arbitragem e a possibilidade da presença da lenda Magic Paula durante os jogos.

Bastidores de uma comissão 100% feminina

Embora a Amab tenha em sua diretoria uma maioria de mulheres — nas áreas financeira, jurídica, técnica e de arbitragem —, a associação não é composta exclusivamente por elas. O diferencial está na comissão organizadora do campeonato, formada integralmente por mulheres de Alagoas.

“Somos cinco guerreiras indo em busca de ginásio, hotel, arbitragem e logística para mais de dois mil atletas. É um trabalho intenso, mas que mostra a força feminina na condução de um torneio nacional”, destaca Paula.

Além de Paula, a comissão também é formada por Rosalivia Gonçalves, Lydiane Carvalho, Regina Martins, Karla Pires e Lília Cardoso.

Essa configuração, inédita no cenário brasileiro, rompe paradigmas num espaço ainda marcado pelo machismo. “Não é fácil. Muitos não respeitam a opinião de uma mulher mais jovem, mas isso não me intimida. Pelo contrário, gosto de desafios. E tenho várias outras mulheres para me dar as mãos.”

Basquete, turismo e economia

Paula lembra que o basquete master carrega um forte impacto econômico e turístico. “Não se trata apenas da modalidade em si. Estamos falando de pessoas acima de 30 anos, muitas ex-atletas profissionais e até ex-jogadores de seleção brasileira. Eles movimentam hotéis, restaurantes, transporte e turismo na cidade”, explica.

A expectativa é que o evento se torne o maior campeonato brasileiro da história, impulsionado não só pelo número de inscritos, mas também pelo apelo turístico de Maceió. Para a presidente, isso reforça a necessidade de apoio institucional e empresarial: “Somente com a inscrição não se organiza um campeonato desse porte. Precisamos de parceiros.”

Protagonismo alagoano nas quadras

Em quadra, Alagoas promete presença marcante, com dez equipes, sendo cinco femininas e cinco masculinas disputando medalhas. No feminino, o estado será representado nas categorias 30+, 35+, 40+, 45+ e 55+. No masculino, nas faixas de 30+, 40+, 45+, 50+ e 60+.

Apesar das dificuldades históricas, os times locais já colecionam conquistas no cenário regional. “No Norte-Nordeste já somos bicampeões no 35+ e campeões no 45+. No Campeonato Brasileiro ainda buscamos o ouro, mas sempre ficamos entre os três primeiros”, ressalta Paula.

Juventude na liderança e quebra de paradigmas

Aos 38 anos, Paula é a mulher mais jovem entre os 42 presidentes de associações filiadas à Federação Brasileira Master. Em um ambiente ainda dominado por dirigentes mais velhos, sua liderança simboliza renovação e resistência.

Foto: Arquivo pessoal

“É como uma coroação do que venho plantando desde 2017 como atleta. Estar à frente da associação e trazer esse campeonato para Maceió é a prova de que podemos ocupar espaços de destaque”, afirma.

Ela lembra que a Federação Brasileira terá este ano, pela primeira vez, duas mulheres concorrendo ao cargo de presidência. “Isso mostra que o espaço feminino no basquete está crescendo, seja como atleta, gestora, treinadora ou árbitra.”

A Amab já vislumbra projetos além do Brasileiro. Entre eles, a criação de uma competição anual em Alagoas, a busca por leis de incentivo fiscal e a ampliação da participação em torneios internacionais. “Em 2027 teremos o Mundial Master em Fortaleza. Queremos chegar lá com atletas alagoanos convocados para a seleção brasileira”, projeta Paula.

Mais que esporte: amizade e longevidade

O basquete master, segundo Paula, vai além da competitividade. “O que me motiva é ver amigos se confraternizarem, resgatar pessoas que estavam sedentárias e dar saúde e longevidade. A maior medalha é manter essas amizades firmes dentro de quadra.”

Foto: Arquivo pessoal

Inspirando jovens e mulheres, a dirigente deixa um recado: “Não parem. Se não der como atleta profissional, há espaço em outras áreas. O basquete ensina disciplina, respeito e abre caminhos. O importante é estar dentro do jogo.”

Ainda de acordo com Paula, o 40º Campeonato Brasileiro Master de Basquete não será apenas mais um torneio no calendário esportivo. Ele representa o fortalecimento da modalidade em Alagoas, o estímulo à economia local, a visibilidade nacional e, sobretudo, um marco de protagonismo feminino na gestão esportiva.

De 14 a 22 de novembro, Maceió se tornará o centro do basquete master brasileiro. E, nas palavras de Paula Isanelle, “a maior medalha é mostrar que Alagoas tem basquete, tem talento e tem muito a crescer”.

Foto de Rebecca Moura

Rebecca Moura

Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.
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