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Da dor à inovação: como minhas dores deram origem à Sandora

A Sandora nasceu antes mesmo de ter nome.
Ela nasceu das violências que eu vivi.

Nasceu há quase dez anos, quando fui perseguida por uma chefe que me vigiava até nas minhas folgas, que me gritou na frente de toda a equipe e me mandou “calar a boca” e “tomar no…” em alto e bom som. Eu não fazia ideia de que aquilo era assédio moral. Procurei ajuda no RH, mas fui revitimizada: não acolheram minha denúncia, não puniram a agressora. Quem foi punida fui eu, transferida de setor como se o problema fosse minha existência.

Nasceu também de tantas reuniões em que tive a fala interrompida, em que precisei repetir argumentos para ser levada a sério, em que ouvi — direta ou indiretamente — que talvez eu não fosse “a pessoa certa” por ser mulher, mãe, nordestina.

Nasceu do silêncio que muitas de nós somos obrigadas a engolir para não perder o emprego, do medo de denunciar e ser tachada de “difícil”, do cansaço de precisar provar competência dez vezes mais.

Mas, acima de tudo, a Sandora nasceu da recusa em aceitar que isso fosse “normal”.

Hoje, nossa startup ajuda empresas a se adequarem às normas de segurança emocional e igualdade de gênero, como a NR-1, a NR-5 e a Lei 14.457. Desenvolvemos tecnologia para medir riscos psicossociais, abrimos canais de denúncia, criamos fluxos de acolhimento e prevenção. Trabalhamos para proteger mulheres — mas também para proteger empresas que entendem que assédio e violência não são “detalhes”: são riscos, são passivos, são crimes.

Cada programa de aceleração que conquistamos, cada prêmio que recebemos, cada contrato assinado é mais que uma vitória de negócio. É uma resposta para todos que tentaram diminuir nossa voz, deslegitimar nossa dor e dizer que não havia espaço para inovação com lente de gênero.

A Sandora não é só uma empresa. É uma escolha política. É a prova de que a violência que sofremos pode ser transformada em ferramenta de mudança.

Sei que ainda somos exceção. Sei que ainda incomodamos. Mas é justamente por isso que existimos: para provar que a inovação que exclui não é inovação — é privilégio.

🟣 Acesse: www.sandora.me
Da dor à inovação. Do silêncio à voz. Das cicatrizes, um futuro mais seguro para todas nós.

Foto de Meline Lopes

Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.
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