Nos últimos dias, vivi uma das experiências mais intensas da minha trajetória empreendedora: representar a Sandora no Global Startups Forum e no Hamilton Niagara Bootcamp, no Canadá. Foram duas semanas de imersão em um ecossistema de inovação que, ao mesmo tempo em que pulsa diversidade, também escancara o quanto ainda somos exceção — nós, mulheres latino-americanas, em mesas de investimento e tecnologia.
Estar lá foi, antes de tudo, um exercício de contraste. De um lado, a estrutura, o incentivo e a clareza com que o Canadá se organiza para atrair startups internacionais. De outro, o olhar que eu levava comigo — de quem vem de um país onde a inovação ainda precisa vencer o machismo, a desigualdade e a falta de acesso.
A cada conversa, a cada apresentação, me lembrava do porquê a Sandora existe: para transformar o ambiente de trabalho em um espaço mais seguro e equitativo para as mulheres. Falar sobre compliance de gênero e prevenção ao assédio em um país que já discute equidade em um nível tão institucionalizado me fez perceber que o Brasil tem pressa. E que nós, empreendedoras, temos um papel essencial nessa pressa — o de não deixar que a inovação seja apenas um espelho das desigualdades que já nos atravessam.
Também me emocionei com a receptividade. Em Hamilton e Niagara, encontrei profissionais e instituições realmente interessados em criar pontes com empresas lideradas por mulheres da América Latina. Fui recebida por pessoas que acreditam no poder da colaboração e que me fizeram sentir que a internacionalização não é apenas sobre negócios — é sobre pertencimento, representatividade e o direito de sonhar grande.
Volto para o Brasil com uma certeza: a presença feminina na inovação global ainda é minoria, mas é potente. E quando uma mulher atravessa fronteiras levando consigo um propósito social, ela não está apenas abrindo portas — está abrindo caminho para outras que virão depois.