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Déficit de atenção: neuropsicóloga explica diagnóstico de TDAH na vida adulta

Desatenção, impulsividade e hiperatividade são sintomas que indicam TDAH, sigla para transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Mais comum em crianças e adolescentes, a condição também pode acompanhar os pacientes na vida adulta. Ao Eufemea, a psicóloga, neuropsicóloga e mestra em educação, Fabiana Lisboa, explica o diagnóstico da condição em adultos.

Segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), há no Brasil cerca de 2 milhões de indivíduos nessa situação. Porém, há indivíduos que manifestam a condição, sofrem consequências no cotidiano e não sabem a causa.

Sintomas

Lisboa avalia que adultos com TDAH, apresentam problemas de desatenção no cotidiano e no trabalho, bem como com dificuldades com a memória, causando esquecimento constante. Além disso, a psicóloga explica que são inquietos e impulsivos.

“Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais. Tem dificuldade para finalizar projetos, dificuldades em relacionamentos, têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão”, explica a mestra em educação.

A psicóloga pondera ainda que algumas pessoas podem apresentar o TDAH predominantemente desatento, ou seja, com mais alterações atencionais e de foco. Já outras podem apresentar a condição predominantemente hiperativa/impulsiva, ou seja, registram mais comportamentos agitados.

Além disso, também é possível registrar o TDAH do tipo combinado, que é quando existem sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Para Fabiana, a condição se manifesta ainda na infância, porém pela falta de informação ofertada, muitos adultos cresceram sem diagnóstico.

Diagnóstico tardio

É o caso de Thame Gomes, de 33 anos, diagnosticada com o transtorno depois dos 30. A educadora e bióloga conta que sentiu alívio e medo ao descobrir sobre o TDAH.

“Por um lado senti alívio porque há anos buscava entender o que eu tinha. Por outro, medo porque era como escutar uma sentença sobre ser medicada a vida toda”, conta.

Aos 19 anos, Thame foi diagnosticada com depressão e seguiu com o acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Ela conta que passou por vários profissionais, mas não fazia sentido apenas “depressão e ansiedade”.

“Segui buscando entender o meu funcionamento diferenciado, as dificuldades que eu tinha e era muito julgada”, diz.

Dificuldades: “insegurança imensa”

A educadora conta que tinha crise de ansiedade para arrumar a casa e escutava que era preguiçosa. Porém, hoje entende que o caso tem relação com a deficiência de funções executivas. “Eu estava desesperada, passava muito mal, tinha paralisia. Minha mãe tirava foto do quarto bagunçado para mostrar pra família, era um nível TDAH não diagnosticado de bagunça adolescente”.

Ela relata que cresceu com dificuldades vistas como problemas de cunho moral ou ético. Por isso, Thame afirma que mesmo sem o diagnóstico, ela apresentava comportamentos fora dos padrões. “Eu estava lutando sempre, e nunca era suficiente”, lamenta.

Gomes escutava constantemente que não se esforçava em tarefas diárias, no entanto ela conta que era um esforço diário para focar e usar seus próprios mecanismos para isso.

“Essas contradições foram acumulando uma insegurança imensa em mim, entre o que eu sei que to fazendo, entre meu mundo interno, minhas intenções, e o mundo externo e o olhar e julgamento do outro”, conclui.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas. Colaboradora do portal Eufêmea.