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As mulheres da linha de frente nos hospitais

Por Niviane Rodrigues e Raíssa França

Elas são mulheres e estão na linha de frente de combate ao novo coronavírus. Por causa da pandemia, a rotina delas mudou: o trabalho ficou mais intenso, e a sensação de medo é constante. Mas não é o suficiente para que elas desistam do que juraram ao se formar. 

Por trás de cada máscara, há uma mulher com família, sonhos, relacionamentos e vida. Quem são essas mulheres? Como é a rotina de cada uma dentro dos hospitais e no dia a dia? O Eufemea traz a segunda parte da reportagem com sete profissionais da saúde do Nordeste. Conheça hoje a história de três delas.

Monique Dayanne Procópio Vieira Alves é farmacêutica formada pela Ufal (Universidade Federal de Alagoas) em 2006, e é especialista em Gestão em Assistência Farmacêutica pela Uncisal (Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas). Ela está no mercado há 14 anos, e há 9 anos atua na área hospitalar. Hoje, coordena a farmácia de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Maceió.

“Executo minha profissão com muito amor. De fato, hoje tenho convicção que nasci para ser farmacêutica. Me sinto muito respeitada no meu setor de trabalho, onde a maioria das lideranças são mulheres. Esse motivo me dá muito orgulho”, afirma.

A rotina de Monique é composta por ser mãe, esposa e profissional. “Ainda mais agora, em tempos de pandemia, é bastante intensa. No cargo de coordenação de farmácia o trabalho vai ‘além dos muros’, e estamos sempre alerta para que tudo corra bem na assistência ao paciente”.

Ela explicou que precisa planejar bem o estoque, focando no custo e na qualidade. “Neste momento em que são muitas as terapias propostas, se faz ainda mais importante a atividade de farmácia clínica, a qual os farmacêuticos estão diretamente ligados na terapêutica do paciente. Com o otimismo que tudo isso passe em breve, seguimos firmes na luta diária. Vamos vencer!”

Quésia Novaes Regis é técnica em enfermagem tem 19 anos de formada e há 16 está no mercado de trabalho. Ela atua em posto de saúde de Maceió e no HGE na emergência do ambulatório.

“No HGE eu trabalho no sistema de plantão. Um plantão dia e um noturno, e no posto de saúde as manhã. Normalmente, quando eu saio do HGE vou diretamente para o posto”, contou.

“Foi um conflito muito grande logo no início porque essa pandemia é uma coisa nova, a gente psicologicamente é mais sensível, então foi uma batalha grande para mim estar na linha de frente, indo trabalhar assustada, porque tudo novo, tudo iniciando, você não tem tantas informações, os médicos também. Então para mim, de início foi um choque está na linha de frente dessa pandemia, do Covid-19”, disse. 

Como mulher, Quésia disse que está sendo uma grande batalha ficar na linha de frente. “Eu atuo na emergência da área azul do ambulatório. Lá a gente recebe muito, todos os dias, muita entrada de pacientes suspeitos e confirmados e infelizmente eu fui acometida trabalhando no combate ao coronavírus”.

A técnica no momento está afastada do trabalho, porque está fazendo tratamento. “Fui acometida pela Covid-19 trabalhando na linha de frente, como muitos funcionários estão adoecendo e sendo afastados”.

A fisioterapeuta Mayara Borges, de 31 anos, mora em São Luís e trabalha no Hospital Universitário na UTI da covid-19. A rotina dela tem sido “bastante atribulada” e o dia começa cedo: antes das 7h. “Costumo almoçar somente às 15h. Os plantões sempre atribulados com muitas tarefas a fazer. Chego sempre muito cansada e o tempo de descanso acaba passando bem rápido”, contou ao Eufemea.

Mayara disse que ser fisioterapeuta e trabalhar na unidade de terapia intensiva é ter duas preocupações: a principal dela é com a funcionalidade porque aquele paciente que fica muito tempo restrito numa cama. “Ele perde massa muscular, pede força muscular. Isso implica na sua vida quando ele sai. Não só o paciente sobreviver, é ele sair com as capacidades funcionais maximizadas”.

A segunda preocupação é sobre a respiratória. “A gente tem muito paciente que está entubado. Necessitando de um ventilação mecânica. Então, aqueles pacientes que precisam de ventilação mecânica, os fisioterapeutas precisam dos ajustes para saber o que fazer. São vários parâmetros para mexer”.

Mayara disse que se apega com facilidade aos pacientes, mas que uma em especial marcou a fisioterapeuta nesse momento de pandemia: uma gestante. “Ela foi a primeira paciente da UTI do meu hospital, uma gestante como todo primeiro gera bastante medo. Tivemos medo da questão da contaminação, da intubação. Ela foi intubada e fomos salvar a vida dela”.

A gestante passou quase um mês intubada e foi necessário fazer uma traqueostomia. “Ela ficou bastante agitada, mas ela evoluiu de forma satisfatória e ela teve alta. E o bebê está vivo”.

Segundo Mayara, foi uma vitória que a emocionou. “Eu sei que tem um pouco de mim ali e o serviço da fisioterapia”.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.