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Valéria Correia defende espaços políticos para a mulher e uma Maceió democrática e inclusiva

“Ser mulher e ocupar espaços na política é desafiador para mim e para outras mulheres que se colocam neste espaço e se comprometem com mudanças na estrutura de poder, eminentemente masculina, machista e preconceituosa. Especialmente, no atual contexto em que a apologia ao estupro e à misoginia vêm de quem ocupa o cargo máximo do poder político no país, atacando deputadas, jornalistas e outras mulheres que se destacam na sociedade”, a afirmação é da candidata à prefeitura de Maceió pelo PSOL, Valéria Correia, ex-reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). 

Valéria, que tem como vice o líder comunitário Igor da Silva, é a segunda na série de reportagens do Eufemea com as candidatas nas capitais do Nordeste. Ela lembra que “o PSOL e o mundo inteiro ainda clamam por justiça ao assassinato de Marielle Franco, mulher negra, da periferia, que defendia os direitos humanos. Caso que se caracteriza por um feminicídio político. E a pergunta ainda ecoa: “Quem mandou matar Marielle?”. 

E chama atenção para os números, que comprovam a desigualdade da representatividade na política. “Das 5.570 prefeituras no país, apenas 11,9% são governadas por mulheres. Dos 102 municípios alagoanos, 20 não possuem sequer vereadoras. A taxa de feminicídio em Alagoas é a maior do país, e, segundo o Mapa da Violência, o número de casos em 2019 foi 120% maior que o registrado no ano anterior. O nosso programa para a prefeitura de Maceió apresenta várias propostas em torno dos direitos das mulheres e do enfrentamento à violência contra a mulher”. 

Em sua definição sobre quem é Valéria Correia, ela pontua que sempre lutou contra as desigualdades.

“Sou uma mulher que, desde muito cedo, se indignou com as desigualdades sociais, e sempre sonhou e lutou por uma sociedade mais justa. Assumi postos de liderança ao longo da vida, inicialmente nos movimentos das pastorais da Arquidiocese de Maceió, depois como assistente social da Secretaria de Estado da Educação  e da Saúde e, desde 1994, na Ufal, nos trabalhos de extensão e pesquisa, até ser eleita reitora em 2015, cumprindo um mandato de janeiro de 2016 a janeiro de 2020, enfrentando os ataques do governo federal às Universidades públicas, cerceando e o seu autonomia e ao seu financiamento”, ela diz. 

Nesse período adverso, ressalta Valéria, “resistimos e conseguimos, em um esforço coletivo, inserir a Ufal em rankings internacionais, melhorando os índices acadêmicos, e concluindo mais de 25 obras, entre elas o mais moderno complexo esportivo do Nordeste, a Unidade Docente Assistencial Prof. Gilberto de Macedo, a Escola Técnica de Artes e dois restaurantes universitários. Os cinco restaurantes universitários passaram a adquirir os produtos da agricultura familiar, movimentando a economia local e levando alimentação saudável para a comunidade universitária”. 

Ajudar a ampliar a participação da mulher na política ela destaca que é um dos principais temas do PSOL. “Orgulha-me muito de estar em um partido com tantas lideranças na política como Sâmia Bomfim, Luciana Genro, Luiza Erundina, Talíria Petrone, Fernanda Melchionna, Renata Souza, Áurea Carolina e tantas outras”. 

“Em uma cidade como Maceió, o primeiro passo para ampliar a participação da mulher na política é garantir que ela possua condições de garantir a renda e a qualidade de vida de sua família. O que significa que precisamos urgentemente melhorar os serviços públicos daqui. Não podemos mais aceitar que uma cidade com mais de um milhão de habitantes possua menos de três mil crianças em creches municipais como aponta o Censo Escolar realizado pelo INEP em 2019”. 

Para Valéria, “se uma chefe de família não pode deixar sua criança em uma creche pública de qualidade, se não possui saneamento básico em seu bairro, se está endividada, como no caso das mais de 200 mil famílias maceioenses que se encontram nessa situação, como ela pode pensar em participar ativamente da política?”, questiona.  

Na avaliação da candidata, “os benefícios da participação da mulher na política para a democracia e a sociedade em geral já estão mais do que comprovados. Eu não tenho dúvidas que trazer não apenas as mulheres, mas todos aqueles e todas aquelas que historicamente foram afastados das decisões é o único caminho a ser seguido para atingir os nossos objetivos, ou seja, uma Maceió mais justa, popular, inclusiva e democrática”. 

No plano de governo, composto 58 páginas, Valéria afirma que o objetivo maior é realizar ações que visem à melhoria de índices sociais e econômicos de Maceió. 

“Mesmo assim, enquanto mulher e assistente social, decidi, junto com minha equipe, que vem me ajudando na elaboração de propostas para a população maceioense, a inclusão de um ponto específico que discute política e sua intersecção com gênero, raça e sexualidade”. 

Segundo ela, o plano inclui diversos tipos de propostas como, por exemplo, “fortalecer o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher; criar a Secretaria de Política para Mulheres em Maceió com dotação orçamentária para desenvolver políticas públicas para mulheres; implementar o programa Empodere-se, que visa combater o machismo, o racismo e a homofobia em ambiente escolar; melhorar as condições de vidas das mulheres, fortalecê-las e empoderá-las para participarem ativamente da política local, permitindo assim que sua família avance junto com elas é questão de princípio para nós”.  

Como concorrer com os grandes grupos políticos e ter chance de vitória? 

Acredito, antes de tudo, que três elementos são fundamentais: um programa popular; uma militância aguerrida e a esperança que dias melhores virão. 

Sabemos que a disputa não é fácil, os grandes grupos políticos aqui mencionados controlam a grande mídia e possuem recursos que os permitem realizar uma campanha de marketing profissional. Eles são lobos em pele de cordeiros, fingem se importar com a população, mas apenas defendem seus próprios interesses.

Por outro lado, a minha candidatura reúne amplos setores da militância, seja do PSOL, o meu partido, do PCB  e de vários movimentos sociais como os movimentos do campo, da luta por moradia, de juventude, feminista, antirracista e sindical. Nossa militância fará a diferença nesse processo. Respeitando o momento de pandemia, apresentaremos todas as propostas contidas nas 58 páginas do nosso plano de governo.

Tenho a certeza que a população maceioense defende um serviço público de qualidade, quer moradia digna, quer ter saneamento básico em seu bairro e quer transparência e participação na gestão de Maceió. E é justamente por isso que sei que nossa candidatura fará a diferença nesse processo eleitoral. Nossa política e nossa militância nos levarão à vitória. 

Participação popular na gestão é uma das cobranças que muito se faz. Como você pretende levar o povo a participar da gestão e evitar o chamado mandato de gabinete? 

 A experiência que tive enquanto reitora da Ufal me fez perceber que só com a participação dos trabalhadores e dos usuários é possível atingir grandes resultados. Esse modelo de gestão popular que implementei na Ufal foi determinante para que nossa universidade federal entrasse no ranking das melhores universidades do mundo. 

Meu governo será de diálogo constante com a população. Quero fortalecer os conselhos municipais e garantir que os representantes da sociedade civil organizada que lá estiverem  possam fiscalizar o andamento e execução das políticas relacionadas à sua área. Quero também priorizar a execução das políticas que sejam decididas a partir de reuniões abertas à sociedade e venham a se tornar parte do orçamento da prefeitura através do Orçamento Participativo. Meu governo será para o povo, pelo povo e com o povo de Maceió.