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Em Teresina, Lucineide Barros defende educação voltada às novas relações de gênero e combate ao sexismo

Filha de agricultor e de dona de casa, a professora Lucineide Barros (PSOL) disputa pela primeira vez um cargo eletivo. Ela é candidata à prefeitura de Teresina (PI) e tem como vice Cyntia Falcão, também do PSOL. Suas propostas para a cidade, segundo informa, foram elaboradas coletivamente e têm como foco as populações vulneráveis e a mulher.  

“Todas as ações do município serão orientadas pelo princípio de valorização e reconhecimento dos direitos das mulheres e de sua importância nas relações sociais, com educação escolar e não-escolar para as novas relações de gêneros, enfrentando a ordem estrutural patriarcal, machista, sexista, considerando condições de classe e raça/etnia”. 

O Eufemeana conversou com Lucineide na série com as candidatas às prefeituras das capitais do Nordeste e traz suas propostas para a cidade. 

Para ampliar a participação da mulher na política, ela conta que o trabalho seguirá o modelo que já vem sendo posto em prática. “Como já fazemos até aqui, por meio da educação popular e da luta cotidiana, voltada à ampliação dos espaços de participação das mulheres, associados à capacitação política e técnica e inclusão nos espaços de poder das pautas historicamente conduzidas pelo movimento de mulheres”. 

Lucineide se define como uma mulher negra, mãe, educadora popular, professora do ensino superior na rede pública estadual, pesquisadora e extensionista das relações entre movimentos sociais e estado no contexto da educação. Ex-dirigente de entidades do movimento popular comunitário; atualmente militante do movimento docente do ensino superior, atuando também no Núcleo Piauí da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) e na Frente Popular de Mulheres contra o Feminicídio. 

POLÍTICA PARA A MULHER 

Ela lista ainda entre suas prioridades para a mulher, “o atendimento às mulheres em situação de vulnerabilidade e de violência doméstica no acesso a programa de capacitação profissional, geração de renda e acesso a moradia; destinar linha de crédito justo e acessível e acessória técnica a mulheres da zona rural e indígenas, das vilas, com deficiência, e egressas do sistema prisional.

Defende a promoção de “política de formação e qualificação profissional das mulheres, reeducandas e egressas do sistema prisional e das ações visando a superação da dependência química; assegurar equidade de gênero e de cor/raça e diversidades, nos cargos de direção do Executivo, na administração pública direta ou indireta”. 

E assegura que se eleita for implantará “programas de educomunicação visando a defesa e autodefesa da mulher e combate à violência contra a mulher em geral, realização de políticas de formação continuada de servidores(as), com equipes multidisciplinares, promovendo educação não sexista, visando o combate a violência contra as mulheres; efetividade no sistema de notificação dos casos de violência e tratamento da situação no planejamento e realização das políticas; assegurar nos currículos escolares estudos sobre mulher e sociedade; fortalecer equipes multiprofissionais de acolhimento e orientação nos serviços de atendimento de urgência a mulheres vítimas de violência doméstica e alcançar as metas contidas nos planos nacional e municipal de Políticas para as Mulheres”. 

AMPLIAÇÃO DE DIREITOS 

A candidata ressalta que a proposta de gestão para Teresina foi elaborada “a partir das indicações produzidas nas lutas e reivindicações da esquerda que tem como orientação geral a construção do socialismo, trazendo o lema e o propósito: Teresina para o Bem Viver”. 

“Assume-se o compromisso com a preservação e ampliação dos direitos, políticas públicas adequadas à produção de um meio ambiente saudável, participação popular nas decisões, inversão das prioridades na aplicação dos recursos do orçamento público, girando a atenção para as populações e territórios vulnerabilizados, com destaque para as periferias urbanas e para a zona rural, atendimento às mulheres, negras(os), LGBTQIA+, crianças, juventudes, idosas(os), indígenas, pessoas com deficiência e servidores(as) públicos(as)”. 

Além disso, ela conta que o programa contempla também “ações voltadas à desprivatização das ações do poder público, especialmente na saúde, na educação e na assistência social, visando a universalização do atendimento com qualidade social”.

A recuperação dos espaços públicos e de convivência é outra prioridade, além de “mecanismos para o uso e ocupação do solo, combatendo à especulação imobiliária, os vazios urbanos, a segregação habitacional e os despejos forçados; promovendo trânsito, transporte e mobilidade sustentável e integrada às demais políticas. Instituição de uma política econômica de desenvolvimento baseada no princípio da suficiência, que enfrente a concentração de renda, via políticas municipais”, pontua Lucineide. 

Como concorrer com os grandes grupos políticos e ter chance de vitória? 

Por meio de trabalho militante, criativo e respeitoso, ancorado nos princípios da liberdade de escolha, fazendo do processo eleitoral também um momento de formação política para escolhas éticas de representantes e de fortalecimento dos instrumentos de organização da sociedade. Não realizamos alianças espúrias e apostamos no diálogo franco com a população. 

Como pretende levar o povo a participar da gestão e evitar o chamado mandato de gabinete? 

Nossa construção é coletiva desde a campanha. Temos uma candidatura proporcional coletiva integrada por mulheres negras, a Candidatura das Marias, cujo compromisso é o de realização de um mandato coletivo, compartilhado e enraizado nas comunidades e na vida do município. Essa mesma orientação se estende para o conjunto das candidaturas e atravessa o plano de governo.